Desporto

sábado, 6 de janeiro de 2018

Still Fighting

      A equipa do Sporting chegou ao derby de quarta-feira passada, confiante; o primeiro lugar Ex aequo e três pontos à frente do rival, garante-lhe, na pior hipótese, a paridade, com maior ou menor dificuldade a equipa vai ganhando os jogos internos, a campanha europeia tem sido moralizadora, o modelo de jogo parece consolidado e validado. Fora das quatro linhas, uma atividade frenética da "estrutura" ameaça abalar o grande rival, o dinheiro parece jorrar a rodos...o sonho parece possível.
 
   Pelo contrário, a equipa do Benfica apresenta-se ansiosa, instável, consequência de uma campanha  irregular, desastrosa na europa e frágil nas provas internas das quais só o campeonato resta. Algo já previsível nos testes da pré-época após a severa decapitação do plantel. Os três pontos do topo da tabela, contudo, alimentam uma discreta esperança na vitória.
 
   Estas circunstâncias refletiram-se na postura das equipas; a do Sporting, tranquila, concentrada, disciplinada, coesa, expectante. A do Benfica, nervosa, sôfrega, algo dispersa e moderadamente intensa. O golo madrugador dos verde-brancos resulta da conjugação daquelas dinâmicas; avançados do Sporting concentrados no posicionamento e no passe e defesas do Benfica desatentos no alívio e na marcação.  Com efeito, o corte de Ruben Dias enviou a bola direitinha para os pés do adversário, revelando insuficiente leitura do lance. Este, manteve a serenidade ante a hesitação dos dois defesas encarnados, efetuando o passe "redondo" para o colega que, rematando, beneficiou de uma "carambola" que conduziu o esférico, em balão, para a frente da baliza, onde apareceu Gelson a finalizar de cabeça, em velocidade e sem oposição, surpreendendo os defesas, ocupados exclusivamente em seguir o esférico, e o guarda-redes, que nada podia fazer. Portanto, neste lance; concentração tática, serenidade e sorte do lado dos verde-brancos e imaturidade e deficiência tática do lado dos encarnados.  
 
   O avanço no marcador reforçou a confiança da equipa do Sporting, que construíu nova oportunidade ainda por Gelson, e constituiu um incentivo para os jogadores do Benfica aumentarem a intensidade e profundidade de jogo. Sucediam-se os lances ofensivos dos encarnados, algo inconsequentes; atabalhoada definição das movimentações e passes associada ao superpovoamento defensivo, resultavam em remates frouxos, precipitados e mal direcionados. Ainda na primeira parte, ficou na retina o tremendo petardo na trave a remate de Krovinovik, com Patrício inapelavelmente batido. Melhor sorte neste lance poderia ter catapultado os encarnados para exibição de gala.
 
   Não desfaleceram estes, mantendo-se o padrão de jogo, com os verde-brancos a apostar no contra-ataque. As entradas de Raul Jimenez, Rafa e João Carvalho, trouxeram mais velocidade e versatilidade ao ataque benfiquista onde Jonas, até então, batalhava desamparado. Finalmente os sportinguistas defendiam como podiam, esvaindo-se a tal serenidade que até então ostentaram. Finalmente o Juiz da partida vislumbra o lance que permitiria pôr justiça no marcador, para desespero dos verde-brancos.
 
   Jogo marcado por decisões polémicas e capitais da equipa de arbitragem e do vídeo-árbitro, todas em prejuízo da equipa do Benfica, ficando demonstrado que nenhuma tecnologia servirá ante a promiscuidade e fragilidade das instituições.
 
   O futuro dirá quem saiu melhor deste jogo; o Sporting manteve a distância do mais temido rival, mas perdeu posição para o rival nortenho e foi alvo de golpe psicológico negativo; O Benfica perdeu posição para o líder mas não deixou fugir o "eterno" e ostensivo rival, mantendo-se na luta pelo título. A boa exibição dos encarnados pode ter um efeito motivador nos jogadores e, com alguns acertos, no plantel e na tática, catapultá-los para uma segunda volta mais frutuosa, quem sabe, vitoriosa.
 
   Na conferência de imprensa, Rui Vitória manteve o seu discurso "redondo", sonolento, embora, desta vez, com alguma assertividade relativamente à apreciação da componente arbitral. Já Jorge Jesus exibiu a prosápia dos fanfarrões afirmando-se seguro da superioridade da sua equipa e denunciando-se pela desvalorização e omissão de fatos relevantes.
 
   Neste jogo ficou demonstrada a vulnerabilidade das instituições desportivas, e não só, que parece ter uma agenda para o campeonato, como já se verificou noutras modalidades, como a do hóquei em patins na época anterior. 
 

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