Desporto

domingo, 5 de julho de 2015

A Crise greco-europeia

   Já se disse tudo e mais alguma coisa acerca da crise grega e europeia. Neste momento decorre o referendo; os dados estão lançados e, seja qual for o resultado, nada ficará como antes. Hoje, é claro o irrealismo negligente que consistiu na adesão ao euro de países com economias de baixa competitividade, forçados a adotar as regras impostas pelos  novos parceiros, estes, com economias altamente competitivas.  O acesso aos fundos estruturais e a financiamento de baixo custo associado à insanidade demagógica partidária na compulsiva compra de votos e à incompetência dos sucessivos governos no desenvolvimento de projetos reprodutivos, conduziu ao descalabro económico daqueles países, extinto que foi o "fogo de palha" das suicidárias obras públicas. Neste tragédia, ninguém tem as mãos limpas.
 
   Foi a prepotência, a atitude persecutória dos tecnocratas de Bruxelas; os novos "sacerdotes"  dos "amanhãs que cantam" da "sua" europa, os iluminados "conhecedores" do caminho do paraíso dos europeus, esquecidos já dos seus compromissos com os cidadãos, que atiraram os gregos para os braços dos demagogos e irresponsáveis políticos do Siryza que nada têm para oferecer, a não ser o propósito de pôr os cidadãos dos outros países europeus a pagar as gigantesca dívida e as crónicas insuficiências orçamentais da Grécia.

   Independentemente das consequências que possam advir para os gregos do resultado do referendo, qualquer que seja, está em causa o tremendo esforço dos outros países intervencionados, sobretudo Portugal, que, paulatinamente, leva a cabo a reestruturação da sua dívida, convertendo a de curto prazo em longo prazo a taxas de juro inferiores, alcançadas graças ao desconfortável ajustamento interno e à política expansionista do BCE. Esta estratégia, se continuada por mais um ou dois anos poderá conduzir a um alívio significativo no encargo com os juros, talvez da ordem dos 50%, cerca de 4 MME, que por sua vez, poderia sustentar um alívio fiscal e consequente alavancamento da economia através de maior rendimento disponível das famílias e das empresas. É isto que o Syrisa está a pôr em causa. É difícil perceber se, como dizem, pretendem defender o povo grego dos "terroristas" de Bruxelas, ou estão a usar a austeridade para combater e desmantelar a UE, conforme a doutrina e estratégia de todos os partidos europeus de ideologia marxista ou marxista-trotskista.

   Apesar disso, têm fundamento muitas das acusações que fazem aos políticos da UE; a prossecução obstinada da competitividade, da produtividade e do fundamentalismo ambientalista, tem destruído as economias dos países de economia mais frágil, criando cada vez mais dificuldades no acesso das populações ao trabalho, sob os mais variados pretextos, criando reserva de mercado para as suas economias, silenciando as respetivas elites aliciando-as com sucessivos programas de financiamento aos quais estas têm mais facilidade de acesso, distorcendo, descaradamente, as regras da livre concorrência que tanto dizem defender.

  Os europeus estão divididos entre os que defendem uma rápida integração com adoção das mesmas normas em todos os Estados da União e os que preferem uma União de Estados soberanos, como o Reino Unido; uma confederação. Estou nesta última categoria. O Tratado de Lisboa, com a consignação da extinção do direito de veto de alguns países, entre os quais Portugal, destruiu o projeto europeu. Se a construção europeia contempla um projeto elitista, profundamente centralizado, com um controlo asfixiante de cidadãos e empresas a todos os níveis controlado por um núcleo restrito de países, economicamente desenvolvidos, estou contra. Não há dinheiro que pague a Liberdade, não há bem-estar sem Liberdade e, esta, já está , efetivamente, ausente em Portugal.

Há um país!

      Confesso que não dei muita importância à decisão de trasladação de Eusébio para o panteão nacional, cheguei até a pensar que estaria melhor numa capela a erguer no Estádio da Luz, próximo do seu Benfica e dos benfiquistas. Até hoje!, ao ver, na BTV, a solenidade da cerimónia...emocionei-me e ocorreu-me de imediato o sentimento de que, afinal, ainda há um país!, um país de afetos, um país de causas, um país com capacidade para se unir desde que valha a pena!, um país submerso nas águas do oportunismo, da prepotência e da desumanidade, seja dos poderes formais, nacionais e europeus, seja  dos poderes de facto, partidários, económicos, corporativos, etc. Foi, e é, esta, a grande força de Eusébio da Silva Ferreira, o seu último golo;  a sua memória mostra-nos que ainda podemos ter esperança enquanto Nação. Obrigado Eusébio.
 
   Iniciaram-se os trabalhos no Seixal, é reconfortante saber que parece estar tudo em ordem, apesar de subsistirem algumas indefinições quanto a entradas e saídas de jogadores. No animado jogo de iniciação, Guedes foi o primeiro a "molhar e sopa" e Nelson Oliveira marcou dois ou três. Constatando a imponência da figura de Rui Vitória, trajado a preceito, enquanto observava o jogo, ocorreu-me de imediato que, desta vez, ninguém vai ousar prometer um "punhetazo" ao Treinador do Benfica.
 
   A Liga foi a reboque do SCP e do FCP na questão dos árbitros, aprovando o sorteio, faltando agora a ratificação por parte da FPF. Apesar de não me chocar o método - julgo mesmo que é benéfico para o Benfica, tendo em conta alguns casos da época transata -, tal revela um ainda elevado nível de desconfiança nos órgãos das instituições desportivas e como é longo e árduo o caminho que ainda falta percorrer até restituir ao futebol, a credibilidade de que necessita.
 
   Operação Phoenix, é o nome da acção policial contra um grupo de segurança muito especial, com ligações ao FCP, na qual foram detidos vários elementos e apreendida documentação diversa, tendo sido constituído arguido Antero Henrique, Vice-Presidente portista. Aleluia!, há muito que todos sabemos - salvo seja -, que é neste tipo de estruturas que reside a louvada eficácia da, hipocritamente designada, "exemplar estrutura". De facto, quem é o "doido", árbitro, jogador próprio ou alheio, dirigente, agente, que ousa opor-se aos interesses do FCP, consciente da capacidade operacional destas estruturas paralelas? Parece que, finalmente, algo está a mudar.
 
   Para mal dos nossos pecados, quando uma sensação de alívio se vislumbra perante a eminência do fim do tenebroso ciclo de futebol nacional iniciado à cerca de trinta anos, graças à proximidade do final de carreira de Pinto da Costa, eis que,  em desespero de causa, surge Bruno de Carvalho, imitando-lhe o estilo, que não a substância, prometendo um novo ciclo de conflitos e crispação, para gáudio dos seus correligionários e dos meios de comunicação social que deles se alimentam, prontos a esquecer as mais grosseira prepotência e de falta de ética. De facto, se é verdade que, no SCP há capital de origem obscura, de que se fala, Bruno de Carvalho, tal como a UEFA e a FIFA, perdeu toda a autoridade moral que reivindicou quando se insurgiu contra os fundos de investimento.
Afinal, capital bom é o nosso, seja qual for a origem, o dos outros, é sempre mau! Valha-o Deus.
 
   Terminou a travessia do enorme deserto para Octávio , ao ser convidado para a estrutura do seu SCP. Fez mal em aceitar. Revela incoerência. De facto insurgiu-se contra Pinto da Costa por deslealdade e, implicitamente, sancionou a maldade que Bruno de Carvalho fez a um colega, Marco Silva, que a não merecia. Destruiu o capital de simpatia que tinha granjeado com a sua frontalidade. Uma pena.
 
   Boa sorte Benfica!