Desporto

terça-feira, 31 de março de 2015

Esperteza saloia


      Refere a imprensa diária de hoje ter dito Lopetegui que os  árbitros não devem decidir campeonatos.
      De acordo. Mas é o contrário que pretende que aconteça, ao dizê-lo. Este paleio já rendeu ao seu clube quatro preciosos pontinhos, só nesta ponta final do campeonato.

domingo, 29 de março de 2015

Benfiquices

   Ofereceram-me, hoje, uma camisola Eusébio. Gostei; preta com vivos vermelhos, foto do Eusébio  do lado esquerdo, bordada, e o 10 no dorsal.  Discreta e elegante, uma versão sem o 10 e foto um pouco mais reduzida, adaptar-se-ia melhor ao mercado sénior.
 
   Anacleto Pinto foi um dos grandes atletas do Benfica; com excelente palmarés nacional e internacional, recordá-lo-emos com saudade e gratidão.
 
   A equipa de andebol do Benfica está de parabéns, acabou de eliminar o Ravenna e está na final da Challenge Cup!, quem diria?, Um exemplo de sucesso da fórmula "evolução na continuidade". Boa sorte para a final.
 
   A canoagem encarnada está, igualmente, de parabéns; Teresa Portela foi medalha de ouro na Taça de Portugal de regatas em linha, em K1, nos 500 e 200 metros. Na mesma categoria e nos 200 m, Joana Vasconcelos foi medalha de bronze.  João Ribeiro também em K1 foi medalha de prata. O Benfica afirma-se como uma potência na canoagem nacional.
 
   A equipa de hóquei encarnada segue na liderança do campeonato, está nos quartos da Taça e foi eliminada da UEFA CUP pelos Porto. Muita concentração e determinação na ponta final da época; Campeonato e Taça são um excelente presente para os adeptos. Força!
 
  A equipa feminina é campeã da europa superando as gigantes espanholas da modalidade. É um regalo ouvir o fervor com que Paulo Almeida fala do Benfica e da sua equipa. É deste entusiasmo que se constrói a tal mística. Um exemplo para o clube.
 
  No futsal está tudo em aberto; liderança na fase regular no campeonato e continuidade na Taça, após eliminação do Fátima. Joel Rocha é um bom Treinador; sabe o que faz e tem ambição, pode ir longe no Benfica, e o Benfica pode ir longe com ele. Esperemos que mantenham a bitola na fase final. Discordo deste modelo competitivo por relativizar a regularidade, quando deveria premiá-la.
 
  Sob a batuta do carismático Lisboa, o basquete segue imperial. Há que manter, pois no final é que se fazem as contas.
 
   A equipa de andebol foi eliminada da Taça pelo Porto, a quem havia ganho na semana anterior - salvo erro -, para o campeonato. O jogo parece que foi equilibrado e a vitória dos azuis foi à justa. Segue-se a fase final do campeonato repetindo-se o confronto entre os dois rivais, onde os encarnados poderão retificar. O Benfica tarda em afirmar-se nesta modalidade, mas é reconfortante ver a nobreza com que o clube persiste na busca da excelência competitiva. Tal sucedeu no basquete, no hóquei, no voleibol, no futsal, no atletismo....Basta seguir o método; adição sucessiva de competência, continuidade e mentalidade ganhadora.
 
   A equipa de Futsal feminino foi eliminada da Taça pela equipa Novasemente Cavalinho (que raio de nome!), foi um jogo equilibrado, com ascendente no resultado das encarnadas que se deixaram superar na ponta final do prolongamento pelas adversárias, graças à determinação destas, falta de concentração própria na finalização e falta de consistência em vários momentos de jogo. Mas, bateram-se bem e isso é reconfortante.
 
   Os Juniores estão mal classificados na fase final do campeonato, mas têm, salvo erro, dois jogos a menos. A equipa está a consolidar-se. na sequência da saída de alguns grandes jogadores que foram campeões na época passada; Gonçalo Guedes, Bernardo Silva, Hélder Costa..., e alguns jogadores talvez andem um pouco nas nuvens graças ao excelente desempenho na UEFA Youth League. João Tralhão é um magnífico formador e saberá potenciar a equipa; concentração, humildade e determinação são os ingredientes necessários adicionar à cultura tática.
 
  O clube/SAD está a trabalhar bem, mantendo uma bitola competitiva alta, continuando, em simultâneo, na senda de novas infraestruturas que, por sus vez, potenciarão a competitividade futura global e aumentarão a coesão e solidariedade benfiquista. 
 
   È tempo de continuar a olhar cada vez mais em frente.

Onde pára a Maria da Fonte?

Liberdade

Liberdade

 

Ai que prazer 
Não cumprir um dever, 
Ter um livro para ler 
E não fazer! 
Ler é maçada, 
Estudar é nada. 
Sol doira 
Sem literatura 
O rio corre, bem ou mal, 
Sem edição original. 
E a brisa, essa, 
De tão naturalmente matinal, 
Como o tempo não tem pressa... 

Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma. 

Quanto é melhor, quanto há bruma, 
Esperar por D.Sebastião, 
Quer venha ou não! 

Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças, 

Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca. 

Mais que isto 
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca... 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
 

sábado, 28 de março de 2015

quarta-feira, 25 de março de 2015

Os trágicos estarolas

   Acaba de ser publicada legislação em que o Governo atribui incentivos a contratação de desempregados, mediante condicionantes que me parecem mais difíceis de perceber que o calculo integral.
   São as tais politicas de apoio ao emprego que toda a gente parece querer e que os Partidos do Governo ou da oposição disputam, mercadejando votos.
   Dei comigo a pensar se não será esse o motivo que leva os Governos a empenharem-se tanto na inviabilização das empresas e em dificultar, ou tolerar, o agravamento do acesso dos cidadãos às profissões !, faz-se um desgraçado para depois "o salvar"(estou a ficar xoné!).

segunda-feira, 23 de março de 2015

domingo, 22 de março de 2015

A Taça é nossa

 
 
PARABÉNS
 
 


Isenções!

As isenções da CML ao Rock in Rio são boas e para o Benfica são más porquê?

"E ainda os favores que a CML faz ao Rock in Rio, com isenções de 3 milhões de impostos e muito mais. A gestão ruinosa da CML em vídeo"Não votem em corruptos!: Câmara Municipal de Lisboa ao serviço dos interesses do BES. Escândalo!!!

Realizações dos Antigo e novo Regime (do blogue de Zita Paiva)

Não votem em corruptos!: Sabia (ou recorda-se) que há 40 anos menos de metade das casas tinham água canalizada?





sábado, 21 de março de 2015

Difícil!

     
Sobretudo pelo que fez na 2ª parte, o Rio Ave mereceu a vitória. A equipa de Vila do Conde desde o apito inicial que se mostrou determinada a disputar o jogo, muito compacta, pressionando alto, não dando espaço nem tempo aos encarnados para pensarem e construírem o seu jogo, trocando bem a bola e procurando a baliza contrária sempre que podia. Na 2ª parte, superiorizou-se claramente no controlo do meio campo, aumentou a intensidade e verticalidade do seu jogo sobretudo através do esforçado Ukra e, com alguma sorte à mistura, teve o seu prémio, conseguindo virar o resultado.
 
      Ao Benfica faltou a criatividade de Gaitan e a ala esquerda; julgo que a opção por Talisca em detrimento de Ola John, o melhor criativo depois de Gaitan, prejudicou o jogo ofensivo da equipa. Fiquei com a ideia de  que houve alguma indefinição no meio campo, mercê da alteração introduzida na equipa. Contrariamente ao sucedido contra o Braga, os encarnados não exploraram a meia-distância nem foram felizes no jogo aéreo carecido de precisão e não souberam manter-se coesos face à colocação no terreno dos vilacondenses. Lima e Jonas graças ao défice do meio-campo estiveram pouco ativos e talvez se tivesse justificado o recuo de um deles ou mesmo a sua substituição por Ruben Amorim, por exemplo. Não sei, talvez tenha faltado visão do Jorge Jesus; o que é certo é que na 2ª parte, os verde-brancos foram melhores.
 
      Posto isto é óbvio que as sucessivas queixas de Lopetegui, a que a  comunicação social em geral tem dado grande relevo, acabaram por surtir efeito, alterando a postura das equipas de arbitragem que revelam condicionamento nos lances alvo da atenção do basco. Aceito a grande-penalidade, embora me tivesse parecido inadvertida a intersecção da bola pela mão de Samaris. Aceito a falta assinalada a Luisão e até a expulsão, mas não aceito a grande penalidade perdoada ao Rio Ave quando o resultado estava em 1-0 nem a expulsão de Ukra - lá está; parecia mal a Lopetegui, ou seja, a Pinto da Costa - nem aceito que se deixem passar em claro três faltas sucessivas no mesmo lance, junto à área adversária, ainda que se tenha assinalado a quarta falta. Marco Ferreira sabe que a sua carreira depende dos estragos que infligir ao Benfica. Ele e todos os outros!
 
      Seja como for, a equipa do Rio-Ave e o seu Treinador estão de parabéns. Já quanto aos jogadores e equipa técnica do Benfica, deverão fazer o trabalho de casa; analisar o jogo e perceber o que correu mal. Para mim, correram menos que o adversário e foram menos inteligentes. Apesar de  Marco Ferreira poderiam ter ganho. Fico sempre apreensivo quando o Benfica marca cedo; parece que, a seguir, perdem qualquer coisa. Será que a não convocação de Pizzi por Fernando Santos teve influência no desempenho daquele, neste jogo?, mistérios!
 
   Olhar em frente e união.

O "desígnio nacional"!

      Até os Tribunais ingleses já perceberam que há algo errado na obsessiva perseguição que a justiça portuguesa move a Vale e Azevedo. Na verdade, aquela, parece mais tolerante com os homicidas, os pedófilos e os corruptos. Por outro lado, fica mal a Manuel Vilarinho andar por aí a vangloriar-se das suas façanhas contra quem teve a coragem de, pelo Benfica, enfrentar o regime instituído no futebol, enaltecendo um dos principais inimigos do seu clube.  Joaquim Oliveira será boa pessoa, mas não para o Benfica; ou melhor, até para o Benfica, desde que este se deixe subjugar pelo Porto. 
 

José Tribolet mete o dedo na ferida.

José Tribolet avisa que obsolescência do sistema informático ameaça soberania

quinta-feira, 19 de março de 2015

Homenagem à Catalunha

      Tantas são as referências idóneas à obra de George Orwell que a sua leitura se me tornou necessária. Depois de "Recordando da Guerra Espanhola" e de "A Quinta dos Animais" seguiu-se o "Homenagem à Catalunha" cuja leitura concluí há pouco, estando em agenda, para já, o Mil Novecentos e Oitenta e Quatro.
 
      Orwell, um idealista que servira nas forças policiais inglesas na Índia, comprometendo-se com os seus ideais de esquerda, combateu como voluntário ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola sob a bandeira do POUM; um pequeno partido de inspiração trotskista sedeado em Barcelona, cujas milícias combatiam os fascistas de Franco juntamente com as dos anarquistas do CNT, as das Brigadas Internacionais e o exercito regular dos socialistas do PCOUS.
 
      Uma escrita simples, metódica e honesta, na qual, apoiado no testemunho direto, Orwell descreve a rotina da guerra de trincheiras, onde foi gravemente ferido, e analisa as causas do aniquilamento dos membros, militantes e simpatizantes dos anarquistas e dos trotskistas pelos socialistas, cuja popularidade, em grande parte, lhes advinha do apoio militar que recebiam da União Soviética de Estaline.
 
      Em 1937, em Espanha, os comunistas não toleravam o poder popular preconizado pelo CNT e pelo POUM, cuja doutrina, parcialmente comum, assentava nos princípios da liberdade e da igualdade, não hesitando em recorrer à mentira e à calúnia para exterminar barbaramente os dissidentes. Tal como hoje acontece, por exemplo, em Portugal, os comunistas acreditavam que era possível derrubar o regime capitalista no âmbito da democracia parlamentar, através da, então como hoje, designada "Frente Popular", constituída pelos também designados "Idiotas Úteis"; cidadãos da esfera pública controlados pelos sindicatos com influência na máquina estatal e as principais infraestruturas do país (Homenagem à Catalunha).
 
      Em "A Quinta dos Animais", Orwell, recorrendo a uma pitoresca fábula, evidencia o esvaziamento do discurso da igualdade e o refinamento do processo de manipulação da comunidade, pretendendo caracterizar as sociedades  socialistas, sendo certo que o modelo é também respaldado nas modernas sociedades democráticas.
 
      Venha o 1984.     

terça-feira, 17 de março de 2015

Está bonito, o Benfica!


Olá meninas do hóquei, suas campeãs da europa!, não têm vergonha? Parabéns.

Ora viva senhora Dulce Félix e companhia, sabe-nos bem saber que estais sempre na frente da prova de corta-mato nacional. Parabéns.

Fica-lhe muito bem, senhor Rui Pinto e companhia, não se ficarem atrás das senhoras, replicando idêntica façanha no corta-mato nacional. Parabéns.

E o Sr Célio Dias, tenha maneiras faz favor; andar por aí a fazer ippons aos seus colegas não é bonito!, mas gostamos de o ver nessas façanhas. Parabéns.

Quanto aos meninos da Youth League, não façam contas, concentrem-se no campeonato e tratem de ganhar todos os restantes jogos. Não fizeram má figura. Para o ano há mais.

Inovadora e feliz foi a fórmula que Direcção adotou para reduzir os preços dos bilhetes dos jogos da equipa de futebol sénior; associada ao bom desempenho da equipa, traz mais adeptos ao estádio empolgando os jogadores, alavanca as receitas indiretas do clube/SAD e contribui para fazer do futebol aquilo que deve ser; uma festa do povo e para o povo. Parabéns.
 
Vai bonito, o Benfica!

domingo, 15 de março de 2015

Ao Deus dará!

      Consta que o Governo tem um programa de financiamento a fundo perdido - 15 a 20 mil euros - a cada emigrante que, não tendo obtido sucesso no país de destino, queira regressar. Parece um gesto louvável mas não é. Ainda não há muito tempo, o chefe do Governo, sem demonstrar pesar, incitava os portugueses à emigração. Emigrar não é necessariamente uma tragédia e poucos como nós, portugueses sabem disso, mas fica mal a um Primeiro-Ministro dizê-lo com aparente insensibilidade. Trata-se, afinal, implicitamente, de uma confissão de impotência que muitos consideram, também implicitamente, uma expulsão.  Daqui ao rancor vai um passo, especialmente tendo em conta a experiência pessoal do atual Primeiro-Ministro.
 
      Importante não é oferecer uma ajudazinha financeira aos desafortunados depois perderem a dignidade, importante é proporcionar a cada um o direito de lutar por ela no seu próprio país, simplificando o acesso às profissões e ao empresariado, combatendo todos os que, sob pretexto das mais "elevadas" causas, universalista ou não, regulamentam e certificam a torto e a direito com o propósito, afinal óbvio, de garantir receitas para o Estado e feudos económicos para si próprios....Mas, nada como os subsidiozinhos para  enfraquecer e tornar dependente uma  população, pronta a agradecer nas urnas.
 
      Mas, afinal, e os outros?, os que enfrentam o terramoto económico que se abateu no país nos últimos anos e a voracidade insaciável das administrações pública e local?, quantos terão que fechar as portas por tal ato de aparente generosidade? Trata-se afinal de suscitar a "rotação" da pobreza!, não será? É com certeza uma daquelas medidas patéticas destinadas a "amaciar o pêlo dos eleitores" consequência da falta de ideias e convicções.
 
      Tal faz-me recordar o programa em vigor de cofinanciamento pelo Estado dos salários dos desempregados de longa duração em parceria com os empregadores. Percebe-se a ideia; paga-se meio salário, poupa-se um subsídio e integram-se pessoas na vida ativa. Mas...será mesmo assim?, não, não é! há empresas a despedir trabalhadores a prazo ou efetivos para admitir esses desempregados, arriscando quebras de competitividade por perda de rotinas dos processos produtivos. Ou seja; poupa-se um subsídio e paga-se meio-salário ao ex-desempregado pagando-se um subsídio ao novo desempregado! Entra um, sai outro e aumenta a despesa!

      E quanto às outras empresas?, as que pagam salários por inteiro? As que vão concorrer com as que pagam meio salário?, mas a constituição serve para quê?, para garantir carreira, salário e pensões aos constitucionalistas? Igualdade de oportunidades consiste em quê? Esta gente percebe o que anda a fazer?
 
      São coisas como estas que tornam evidente a falta de efetiva cultura democrática da nossa comunidade política,  irremediavelmente perdida nos labirintos das lutas partidárias, na insana disputa do poder.     

Parabens Benfica; em frente!

      Foi uma vitória saborosa e merecida sobre uma equipa de um clube que, contranatura, se deixou enredar nas malhas dos interesses portistas. O jogo começou uns dias antes, quando Pinto da Costa, na sequência dos benefícios da sua equipa dos sucessivos erros de arbitragem nos últimos jogos, teceu rasgados elogios ao árbitro Artur Soares Dias, protagonista num desses casos. Não surpreendentemente, mas desavergonhadamente, o Conselho da Arbitragem da Liga nomeou esse mesmo árbitro para este jogo, demonstrando, perante todos, o pavor que Pinto da Costa, ainda inspira aos órgãos daquela instituição.
 
      Sintomáticas foram as declaração de António Salvador após a derrota caseira da sua equipa perante o Porto, num jogo em que o empenho dos atletas arsenalistas foi posto em causa por muitos. Apontar à vitória da sua equipa no jogo seguinte após uma derrota, nada tem de anormal, é mesmo assim; faz parte do processo de recuperação mental dos atletas. Dadas as circunstâncias deste caso, porém, mais parecia tratar-se de parte de uma missão; garantir os três pontos ao Porto e subtrair outros tantos ao Benfica. Afinal, talvez Salvador sonhe com a cadeira de Pinto da Costa e esteja a mostrar serviço aos adeptos azuis. Sei que este raciocínio é algo perverso, mas...quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
 
      A equipa do Benfica está hoje muito mais forte, seja pela maior consolidação de processos, seja pelo alargamento do cardápio ofensivo proporcionado por Jonas, seja pelo maior leque de opções em resultado do regresso dos últimos lesionados. Entre estes, destacam-se Júlio César, cuja presença, indubitavelmente, dá segurança à equipa e aos adeptos refletindo-se na dinâmica do jogo, Gaitan, que com a sua criatividade aumenta consideravelmente o grau de incerteza às defesas contrárias, Sálvio, que mobiliza quase sempre dois defesas adversários e é sempre uma seta apontada à baliza, Luisão, que disciplina a equipa e  Eliseu, que, apesar de alguma lentidão de processos e de alguma indisciplina tática, é lutador e sabe utilizar o seu mortífero pé esquerdo, como mais vez, demonstrou.
 
      A equipa do Braga, que, quando quer, pratica bom futebol, desta vez não teve hipótese, perante o colete de forças encarnado, apesar da "virilidade"  que "generosamente" dispensam aos atletas do Benfica. Jonas e Eliseu fizeram o que me parece óbvio e não era habitual na equipa, sobretudo após a saída de Cardozo; com espaço, na proximidade da área, deve rematar-se para golo! qualquer um!, de primeira e colocado as hipóteses de golo são muito altas. Nunca percebi porque a equipa não utiliza este processo com mais frequência; há toda uma movimentação prévia a desenvolver, como ficou pedagogicamente demonstrado no caso do golo de Jonas. Mas não gostei, especialmente na 2ª parte, daquele engonhanço na área adversária; os habituais toquezinhos à procura do momento ideal para rematar, invariavelmente até perder a bola!, devem-me dois golos!, à viva!
 
      Tive mais medo do árbitro que do Braga; o simples facto de ter sido nomeado como que a pedido de Pinto da Costa, era suficiente para deixar os jogadores ansiosos e assim prejudicar a qualidade de jogo. O homem sabe muito. O facto é que a solidez de processos dá segurança aos jogadores do Benfica e isso nota-se na serenidade com que se apresentam; sabem o que fazer. Está no rosto deles. Mérito de todos, em especial de Jesus e do Presidente.
 
      Mas não gostei da atuação de Soares Dias, apesar das declarações elogiosas de Jorge Jesus no final da contenda. Soares Dias foi o 12º jogador do Braga, qual armador de jogo, proporcionando a esta equipa vários lances ofensivos, sem causa; as cargas de ombro, invariavelmente, resultavam em faltas contra a equipa do Benfica. Só de bola parada os encarnados do Minho conseguiam chegar à área adversária, e Soares Dias proporcionou-lhes essa possibilidade. Com um golo de diferença, receei a lotaria das bolas paradas; é um facto.
 
      Surpreendeu-me a expulsão do jogador bracarense por acumulação de amarelos; apesar de bem expulso andou a distribuir "fruta" todo o tempo que esteve em campo. Esteve bem. Mas esteve mal ao não expulsar Micael por agressão a Gaitan com uma cotovelada intencional na cabeça. Não percebo como é que este troglodita, já poupado no jogo da pedreira, escapa sucessivamente a exemplar castigo.
 
      Esteve bem ao não assinalar grande penalidade contra o Braga por simulação de Gaitan, que parece não ter sido tocado, que, enfim, fica limpo. Oxalá não faça falta em Vila do Conde.
 
Estão todos de parabéns, incluindo o público, que embelezou o estádio e empolgou os jogadores.
 
Força. Em frente!    

quarta-feira, 11 de março de 2015

segunda-feira, 9 de março de 2015

domingo, 8 de março de 2015

O Benfica não pára!

Patrocínio nas camisolas pode render cerca de 10 milhões/época - Desporto - DN

Em frente Benfica!

     
Difícil, como se esperava, o jogo em Arouca; excessiva aglomeração de jogadores, falta de espaço transversal e longitudinal e jogo passivo do Arouca com marcação em cima e antijogo - o fatal derrube no meio-campo. A equipa do Benfica não conseguia ligar o seu jogo, as alas funcionavam mal e o eixo do ataque estava excessivamente povoado, convidando ao transporte da bola, com benefício do adversário, que disputava os lances sempre em superioridade numérica e não hesitava em recorrer à falta no meio-campo impedindo a génese ofensiva. Jogo medíocre, com muito jogo aéreo, que, obviamente beneficiava o Arouca. Mais uma vez, uma desconcentração defensiva custou-nos novo golo e esforço suplementar para efetuar a reviravolta; surge na sequência da intensificação da dinâmica ofensiva, altura em que se desguarnece o bloqueio da transição do adversário.
 

      O primeiro golo surge com alguma sorte, mas também, graças à maior dinâmica em todo o campo induzido penos encarnados; é assim, perante a ameaça de Lima, o Goicochea precipitou-se e falhou a colocação, atirando contra o corpo daquele. E Jonas, mais uma vez, estava lá para o remate certeiro...e não foi por acaso!, o segundo e o terceiro vieram com naturalidade até porque o Arouca abandonou o futebol passivo e subiu no terreno, mostrando que, afinal, até sabe jogar futebol. Com mais um jogador e libertos de marcação, o Benfica fez o que quis, fazendo circular a bola em todo o campo, sucedendo-se os lances ofensivos. Muito bem Lima, Jonas e Gaitan, Pena o quinto amarelo a Talisca que entrou muito bem no jogo e trazia a gazua da meia-distância. Pizzi hoje não esteve bem nos lances de bola parada. Júlio César não fez uma defesa, que me lembre, e não teve culpa no golo do Arouca. Sauda-se o regresso de Amorim, importante nesta fase do campeonato.
 
      A equipa de arbitragem cometeu dois erros "naturais" - aqueles que prejudicam o Benfica - ao não assinalar duas grandes penalidades contra o Arouca; uma sobre Gaitan outra por descarada mão na bola! Bastou Pinto da Costa fazer o que disse próprio dos burros, para que toda a estrutura da arbitragem abanasse; depois de Penafiel, veio Braga e agora Benfica; oito pontos seriam a diferença atual entre os dois primeiros, considerando só estes últimos jogos! E é assim que a equipa do Benfica vai ao colo...ao colo do seu talento e do apoio dos seus Dirigentes e adeptos.
 
   Um grande abraço de parabéns ao Nelson Évora pela sua enorme proeza.
 
   Outro para a equipa de voleibol do Benfica pela conquista da Taça de Portugal.
 
   Uma palavra de incentivo à nossa equipa de hóquei apesar do empate em casa contra o Porto.
 
   Outra para a equipa de futebol de Juniores apesar da "coça" caseira; afinal poderia ter acontecido ao contrário; um golo de lotaria e dois em contragolpe sustentado numa atitude defensiva. Claro que é necessário melhorar, no posicionamento defensivo e na consolidação do bloco ofensivo. Venha o próximo.
 
   Não percebo os salamaleques em torno do "benfiquista" Pedro Proença; ele vai para a FIFA, ele vai para a UEFA, ela vai para a LIGA...e não percebo como é que Pinto da Costa quer um "benfiquista" na LIGA!
 
   Ainda menos percebo a atitude do Benfica nesta matéria! Pedro Proença prejudicou gravemente e grosseiramente o seu património material e imaterial, graças aos vários erros grosseiros que cometeu contra si dos quais resultaram inacessibilidade a vários títulos de campeão, com benefício para o clube de Pinto da Costa. Os salamaleques dos Dirigentes do Benfica a Pedro Proença não passam de hipocrisia e constituem um deceção para os respetivos adeptos. Não se compreende a boa fé de Proença perante erros tão grosseiros em prejuízo do principal rival do Porto, considerando a sua alegada excelência técnica. Tal como está a acontecer neste momento relativamente a Soares Dias, a excelência dos árbitros e dirigentes da Liga e FPF, só é reconhecida quando dela resultem benefícios para o Porto. E o fiscalizador-mor desta excelência é Pinto da Costa!
 
   Proença merece ouvir a verdade dos dirigentes do Benfica e não esperar deferência, compreensão ou perdão pelo mal que fez ao "seu" clube.   Não querer beneficiar o nosso clube não implica, necessariamente, prejudica-lo.   

Um campeão a sério!

   Com esta vitória, Nelson Évora, demonstrou possuir a fibra da elite dos campeões; às qualidades atléticas junta uma determinação que muito poucos possuem. Depois da grave lesão que o afastou por vários anos da competição, manteve a crença em si próprio mantendo os seus objetivos intactos. E venceu! Um grande exemplo para todos nós; um povo perdido na labirinto democrático, subjugado pelas suas próprias elites e pelos nórdicos.

segunda-feira, 2 de março de 2015

O que se passa com o Sporting Clube de Portugal?

      Redução do passivo de 30 milhões de euros? Redução do financiamento bancário em 61 milhões de euros? Aumento de capitais próprios em 130 milhões de euros?, com que dinheiro? É certo que o aumento de capitais próprios poderá ter resultado da integração na SAD de ativos corpóreos - estádio, centro de estágios, por exemplo -, e os restantes 91 milhões de euros?, será que resultaram do tal perdão de dívida do BES quando se encontrava em pré-falência?, se foi, que outras SAD beneficiaram de idêntica reestruturação?, que saiba, a do Benfica não!, continua a pagar os cerca de 21 milhões de euros de juros anuais e, salvo erro, ainda amortizou - e muito bem - cerca de 20 milhões de euros ao passivo. hipotecaram tudo outra vez?
      A ser verdade, com que moralidade o Presidente do Sporting se insurge contra os fundos? Com que credibilidade se apresentam os indignados pela alegada intenção de isenção fiscal pela Câmara de Lisboa ao Benfica, se em conformidade com os protocolos contratados entre ambas as entidades? E se fosse ao contrário? Se tivesse o Benfica beneficiado de igual e alegado perdão de dívida? Estou a ver; era matéria aí para seis meses de primeiras páginas nos jornais diários e abertura de telejornais. Seria a derradeira prova do regresso ao "fassismo", o andor dos títulos fáceis! Assim, não passa de mera demonstração de hipocrisia, cinismo, quiçá nepotismo e...sabe-se lá de mais o quê! 

domingo, 1 de março de 2015

Pesca da sardinha

        
      Amanhã reinicia-se a pesca da sardinha após seis meses de paragem durante os quais, os pescadores; camaradas e armadores, foram financiados pelo Estado a título de compensação. A cota de pesca que em anos recentes era de 60 MT passou para  4 MT em 2015! Tudo para a sustentabilidade da espécie...e... para extinção da classe dos pescadores que, pelos vistos, anda a estorvar os iluminados construtores do futuro comum.
 
      Curiosidade: o esforço da pesca de cerco em Portugal é hoje cerca de 20 a 30 % do que era há cerca de 30 anos, e parece que é demais! Venham de lá os biólogos, que não sabendo explicar as razões da alegada escassez desta espécie, saberão com certeza ensinar aos turistas a vetusta arte da pesca do cerco e da rota da sardinha, enquanto petiscam o "apetitoso" pão de algas marinhas!

Ontem

 

     

Hoje



Amanhã

 

Trotskismo (por Miguel Madeira)

Retirei este texto da net quando pesquisava acerca do trotskismo agradecendo desde já ao autor cujo consentimento julgo implícito.
Quando  que, na Wikipedia, a entrada "Trotskismo" estava marcada como "esboço", decidi escrever o resto do artigo (embora eu já não me considere "trotskista"). Como a Wikipedia pode ser mudada a qualquer momento, não faço a mínima ideia de como o artigo está agora. Este texto é o que eu escrevi (a parte a vermelho é o que já estava escrito):
O trotskismo é a doutrina do revolucionário russo Leon Trotski, que consiste em defender o marxismo-leninismo, combatendo a burocracia no Estado Operário que se fortaleceu com a ascensão de JosefStálin ao poder em 1924 na URSS. Dos pontos do marxismo-leninismo, Trotsky trabalhou e teorizou a respeito da Revolução Permanente, sua principal divergência com Stalin, que defendia a tese conhecida como "socialismo em um só país" oposta a sua Teoria da Revolução Permanente que defendia a expansão da revolução para além das fronteiras da URSS. No final de sua vida, Leon Trotsky fundou a IV Internacional, que após sua morte não conseguiu levar adiante a luta do seu fundador. Hoje, as diversas correntes políticas que se reivindicam trotskistas têm alguma origem na IV Internacional.
A teoria da "Revolução Permanente" baseia-se na ideia do "desenvolvimento desigual combinado". Segundo esta tese, quanto mais atrasado é um país, mais evoluída é a parte mais desenvolvida da sua economia! O raciocínio, aparentemente contra-intuitivo, é de que, se um país se começa a industrializar tarde, irá adoptar as industrias mais modernas existentes na altura, logo, a pouca indústria que terá será altamente desenvolvida. P. ex, um país que só recentemente tenha começado a ter ligações telefónicas, terá, em quantidade, poucos telefones, mas esses poucos telefones, em média, serão mais sofisticados que os telefones de um pais que já tenha um sistema telefónico há várias décadas, já que as poucas pessoas que compram telefones irão comprar os telefones que se produzem hoje em dia.
Tal levaria a que, em países semifeudais, a burguesia capitalista, mesmo sem ainda ter derrubado a nobreza, já está em conflito com o proletariado, porque, como a pouca indústria existente é das mais modernas, os conflitos entre patrões e trabalhadores tendem a assumir os mesmos contornos que nos países desenvolvidos (lembremo-nos que Trotsky elaborou esta teoria no principio do século XX, uma época em que, nos países industrializados, a luta entre "proletários" e "burgueses" estava na ordem do dia). Assim, a burguesia local estaria entre dois fogos: por um lado, continua submetida ao Antigo Regime, o que a poderia levar a posições revolucionárias (como a burguesia europeia ocidental dos séculos XVIII e XIX); mas, por outro, já sofre a pressão dos trabalhadores, o que a leva a posições conservadoras (como a burguesia europeia ocidental do século XX). Segundo Trotsky, quanto mais tarde um país conhecesse o seu arranque industrial, mais conservadora seria a sua burguesia local, já que o medo ao proletariado seria mais forte que a sua oposição à nobreza. Além disso, ao contrário da Inglaterra de 1688, da América de 1776 ou da França de 1789, já não existiria uma vasta classe de pequenos e médios artesãos e comerciantes que pudesse fornecer a "mão-de-obra" para uma revolução burguesa (devido à modernização do sector industrial, o único "povo" disponível nas cidades são mesmo os operários).
É aqui que entra em cena a "Revolução Permanente": segundo Trotsky, a burguesia já não é capaz de fazer a sua própria "revolução burguesa", tendo que ser o proletariado a encarregar-se disso (afinal, quem se revoltou contra o czar em 1905 e em Fevereiro de 1917 foi o proletariado de Sampetersburgo). Mas, sendo o proletariado a fazer a "revolução burguesa", este não se contentará com o programa "liberal-burguês" (i.e, a abolir a monarquia absoluta, liquidar o feudalismo, etc.), e irá logo começar a pôr em prática o "programa socialista" – assim, a revolução é "permanente", já que, pela sua própria dinâmica, tenderá a evoluir para posições cada vez mais radicais (no caso russo, a revolução começou por ser democrática e republicana e, em poucos meses, tornou-se socialista – aliás, o PREC português teve uma dinâmica semelhante).
Mas, o que acontece se a revolução socialista triunfar num país semifeudal (de acordo com o cânone marxista, ainda não maduro para o socialismo)? A resposta que os trotskistas dão é que, num caso desses, a revolução só se manterá se tiver a ajuda de revoluções socialistas vitoriosas em países desenvolvidos – assim, a revolução deve ser "permanente", não só no aspecto do aprofundamento, mas também do alargamento. Se uma revolução socialista acontecer num país subdesenvolvido e não se expandir a países desenvolvidos, tenderá a "degenerar". Porquê?
A explicação dessa "degenerescência" está noutra tese trotskista, a da "degenerescência burocrática das organizações operárias": a "exploração capitalista" estimula o desenvolvimento político do proletariado (já que o leva a lutar contra o sistema, e por isso a criar sindicatos, partidos, etc.) mas retarda o seu desenvolvimento cultural (já que a pobreza e/ou a submissão a um trabalho embrutecedor tenderão a "embrutecer" também o espírito do trabalhador). Tal leva a que, nas organizações operárias de massa, tendem a surgir "dirigentes profissionais" ("burocratas", no jargão trotskista), que acabam por ser os verdadeiros chefes, enquanto que os elementos de base (devido ao tal "embrutecimento espiritual") se remetem, na maior parte do tempo, a uma posição passiva, em que se limitam a pagar quotas e a seguir as ordens da "Direcção" (no fundo, transferem para a organização operária os hábitos de submissão à hierarquia a que estão habituados na empresa capitalista).
Ora, num país pobre (como a Rússia em 1917), o "desenvolvimento cultural" do proletariado será ainda mais diminuto, pelo que no "Estado Operário" irão (tal como nos sindicatos e partidos operários) também surgir os tais "burocratas". Aliás, segundo os trotskistas, a longo prazo, só há dois caminhos possíveis – a burocratização do Estado ou o desaparecimento gradual do Estado: ou a pobreza e o atraso cultural mantêm-se, impedindo o proletariado de poder assumir efectivamente a gestão do Estado; ou, pelo contrário, a sociedade vai evoluindo, tornando mais fácil a tal "gestão do Estado pela simples cozinheira", mas, ao mesmo tempo, tornando também o Estado menos necessário, já que, havendo menos escassez de bens, haverá também menos necessidade de um aparelho repressivo (ou seja, quando for possível um Estado 100% democrático, em que todos participem em plena igualdade nas tomadas de decisão, já nem sequer será necessário um Estado).
Assim, nos "Estados Operários" (sobretudo se forem muito atrasados à partida), há duas tendências em confronto: por um lado, há a tendência para os burocratas irem concentrando o poder nas suas mãos e remeterem as massas a uma situação passiva; por outro, a elevação gradual do nível de desenvolvimento económico e cultural (e, se possível, o triunfo de revoluções operárias no estrangeiro) tenderá a estimular a participação popular e a enfraquecer o aparelho estatal. Desta forma, a "construção do socialismo" não é um processo mecânico e linear (como, frequentemente, está implícito em muitos "estalinistas"), mas um caminho com avanços e recuos, em que a vitória só estará assegurada com a criação de uma sociedade comunista à escala mundial e com o desaparecimento do Estado (até lá, há sempre o perigo de uma contra-revolução burocrática).
Além disso, a relação entre a burocratização e desenvolvimento é bilateral: tal como o atraso estimula a burocratização, também esta prejudica o desenvolvimento Â– segundo os trotskistas, a única alternativa eficiente ao mercado é a "democracia operária". P.ex, se for um patrão privado a organizar o trabalho dentro de uma empresa, tenderá a adoptar os processos de trabalho mais eficientes (para maximizar o lucro); se for uma Comissão de Trabalhadores a fazer isso, também tenderá a adoptar os processos de trabalho mais eficientes (para os trabalhadores fazerem mais facilmente o seu trabalho); se for gerida por um burocrata não-proprietário, não há nenhum incentivo para escolher os melhores métodos de trabalho. Outro exemplo: a questão "O que produzir?" Â– como assegurar a ligação entre os que as empresas produzem e as necessidades dos consumidores? No capitalismo, tal ligação faz-se pelo mercado; na "democracia operária", através da participação das organizações de trabalhadores e consumidores na elaboração do plano económico (Trotsky chegou a dar o exemplo de um sistema em que os cidadãos pudessem escolher entre o "partido do carvão" e o "partido do fuelóleo"); já no sistema burocrático, em que a planificação é feita, não pelas organizações populares, mas por comités de "especialistas", não há maneira de assegurar que o plano corresponde às necessidades efectivas da sociedade (a respeito disso, Trotsky escreveu que "a democracia, mais que uma necessidade política, é uma necessidade económica"). Desta forma, quanto mais poderosos forem os burocratas, mais atrasada será a sociedade (o que, aliás, acabará por tornar os burocratas ainda mais poderosos).
Logo, se uma revolução proletária triunfar num país atrasado e não receber o auxílio de revoluções em países desenvolvidos, o poder da burocracia atingirá dimensões consideráveis, podendo chegar a um ponto em que já não é possível lutar contra a burocratização dentro do sistema, sendo necessária uma nova revolução operária para restaurar o poder dos "Conselhos de Trabalhadores" (segundo Trotsky, esse ponto de não-retorno – a que ele chamou o "Thermidor", por analogia com a Revolução Francesa – teria sido atingido na URSS em 1927). Por outro lado, se a nova revolução operária não ocorrer, o que irá acontecer será uma "contra-revolução social": a ineficiência económica do sistema burocrático e o desejo dos burocratas consolidarem a sua posição (passando de "administradores" a "donos") irá levá-los a restaurar a propriedade privada dos meios de produção e o capitalismo.
Desta forma, a opinião dos trotskistas era que os regimes do Bloco de Leste ("estados operários burocraticamente degenerados") seriam "regimes transitórios", intrinsecamente instáveis, estando à beira de serem derrubados, ou por uma "contra-revolução social", que restaurasse o capitalismo; ou por uma "revolução politica", que derrubasse o poder dos burocratas e do Partido Comunista e instaurasse a democracia dos "Conselhos de Trabalhadores", em moldes multipartidários (no entanto, diga-se que os trotskistas só começaram a defender o multipartidarismo nos anos 30, depois de terem sido expulsos do PC – até lá, limitavam-se a defender o "direito de tendência" dentro do PC)
Muitos dissidentes do trotskismo (Bruno Rizzi em Itália, Max Schachtmann nos EUA, Tony Cliff em Inglaterra, Cornelius Castoriadis em França, etc.) criticaram esta tese, argumentando que os burocratas eram, para todos os efeitos, como se fossem proprietários, já que eram os "donos" do Estado e, portanto, indirectamente, da economia (logo, já não teriam necessidade de restaurar o capitalismo) – um dos mais célebres defensores desta tese foi o escritor George Orwell (nalguns aspectos, muito próximo do trotskismo), que a expôs nos seus romances "O Triunfo dos Porcos" e "1984". Curiosamente, muitos ex-trotskistas americanos que seguiam esta linha acabaram saltando da extrema-esquerda para a direita, dando origem ao movimento neo-conservador.
O colapso de 1989 não resolve a questão: se a tese trotskista do "regime transitório" estivesse correcta, provavelmente esses regimes teriam caído muito mais cedo (uns meses antes de ser assassinado, Trotsky escreveu que, se o regime estalinista sobrevivesse à II Guerra Mundial, seria necessário rever as suas teses, coisa que os trotskistas não fizeram; nos anos 50, a sua viúva, Natália Sedova, abandonou o movimento trotskista, afirmando que não se podia continuar a chamar os países de Leste de "Estados operários"); mas, por outro lado, a uma escala histórica, até foram relativamente breves (60 anos, no caso da URSS, 45 nos países satélites), pelo que também é difícil dizer que a tese trotskista estivesse errada.
Desde a morte de Trotsky que os trotskistas têm-se dividido em facções rivais: entre as principais, temos o "Secretariado Unificado da IV Internacional", o "sucessor oficial" da IV Internacional de Trotsky (representado em Portugal pela APSR de Francisco Louçã); o "Comité Internacional da IV Internacional", originado por grupos que, nos anos 50, abandonaram o "Secretariado", por recusarem a politica então adoptada de infiltração nos Partidos Comunistas (representado em Portugal pelo POUS de Carmelinda Pereira); a "Liga Internacional dos Trabalhadores", predominantemente latino-americana, que abandonou o SU por não concordar com o apoio deste aos sandinistas da Nicarágua (representada em Portugal pela Ruptura/FER de Gil Garcia); o "Congresso para uma Internacional Operária", ligado ao antigo grupo britânico "The Militant" (representado em Portugal pela "Alternativa Socialista"); a "União Comunista Internacional", ligada ao grupo francês "Lutte Ouvriére", etc.
Têm sido propostas várias explicações para este fraccionismo constante: os trotskistas frequentemente afirmam que é apenas uma consequência da reduzida expressão do trotskismo (num partido minúsculo, os oposicionistas têm pouco a perder em saírem do partido e criar um novo); os estalinistas afirmam que a culpa está na organização democrática dos partidos trotskistas (ao reconhecerem o direito de tendência, estão a criar o embrião das cisões); há até quem diga que é uma questão de psicologia individual: sendo uma ideologia, simultaneamente, anti-capitalista e anti-estalinista, o trotskismo tenderia a atrair indivíduos com espírito de rejeitar as opiniões dominantes, logo, propensos a cisões…