Desporto

domingo, 28 de setembro de 2014

Causas

A adesão de vários jovens europeus, incluindo portugueses, ao Estado Islâmico, tem sido difundida na comunicação social, mas nem por isso debatida, excepção feita ao "O Diabo"  de 23 de Setembro  no qual, o Cardeal Patriarca de Lisboa Dom Manuel Clemente, refere, numa peça da pág. 10, que, "A adolescência e a juventude são idades muito propícias a não aderir a nada ou a aderir totalmente a alguma coisa. São idades de definição, de sentido de vida. Se na nossa sociedade, agora falando na Europa não damos aos adolescentes e aos jovens mais do que coisas de consumo imediato, é natural que alguns deles procurem de outra maneira escoamento para essa disponibilidade para o todo, para o grande rasgo."
      Dom Manuel Clemente, com a autoridade da sua imensa sabedoria e do seu cargo eclesiástico, com sentido de oportunidade e sem mastigar palavras e conceitos, identifica um dos grandes equívocos desta Europa elitista, burocrática e centralista; que o objetivo último das sociedades humanas reside no bem estar proporcionado pelo induzido consumo acéfalo e compulsivo. Não!, o homem, precisa de causas comuns enobrecedoras, que na Europa parecem ausentes.
      Recordo as cínicas e humilhantes declarações do Presidente da Comissão Europeia ao anunciar a "generosa" dádiva comunitária a Portugal de 26 MME no âmbito do novo QREN, quando temos visto o nosso aparelho produtivo a ser desmantelado pelas sucessivas directivas comunitárias. Negligentemente, imoralmente, os partidocratas, alienados dos seus eleitores, sob os mais variados pretextos pretensamente altruístas ou de competitividade, condicionam cada vez mais o acesso às profissões e à actividade empresarial, que assim reservam às afortunadas clientelas, condenando milhares de pessoas incluindo milhares de jovens à marginalidade e indigência.
      Não admira pois, que os inimigos do ocidente procurem capitalizar esta insatisfação ou, revolta, nem que muitos adiram às suas bárbaras causas, na expectativa de integrarem uma comunidade onde sejam bem-vindos, rejeitando a mesma cultura que os excluiu.
      Recordo as palavras de uma jovem portuguesa aderente do EI, ao referir, de metralhadora na mão, sentir-se tratada como uma princesa. É assim; para muitos, antes príncipe ou princesa por um dia, apesar da morte certa, que capacho toda a vida!
      Bom seria que a Europa voltasse a ser um lugar de esperança para todos em vez de fonte de exclusão e marginalidade.

sábado, 27 de setembro de 2014

Estoril-Benfica (2-3)

     
E lá conseguimos os três pontinhos que nos permitem afastar-mo-nos dos nossos principais rivais. Mas penámos um bom bocado! Vá lá, parabéns ao Derley por ter ganho aquela bola no lance que acabou por nos dar a vitória com o precioso contributo de Lima. Fico sempre apreensivo quando o Benfica marca cedo mais que um golo; compulsivamente gera-se a ideia de facilidade que já nos tem saído bem cara. Foi o caso deste jogo; com 0-2 nos quinze minutos iniciais a equipa baixou a intensidade enquanto os jogadores do Estoril arregaçaram as mangas e foram à procura da sorte, que lhes acabou por sorrir nos dois golos que marcaram ainda na primeira parte. Primeiro num desvio infeliz de Máxi a trair Artur e depois devido a um "quilovate" que deve ter impedido o árbitro e o Juiz de linha de verem o fora de jogo do finalizador do Estoril. O Talisca trouxe um novo perfume à equipa do Benfica e ao futebol nacional; no seu estilo gingão e divertido lá vai marcando uns golinhos de belo efeito. Julgo que estiveram todos bem, com destaque para Luisão, Enzo, Gaitan, Sálvio, Lima, Derley, John e até Artur. É evidente a necessidade de melhorar o posicionamento e a movimentação dos jogadores na fase defensiva, assim como "acabar com os porquês" no momento de finalizar.
      O Estoril está de parabéns apesar da derrota, visto que fez tremer o Benfica e os seus adeptos, jogando sobretudo na 2ª parte com muita intensidade e agressividade, acreditando que podia mudar as coisas.
      Humildade e trabalho continua a ser a receita adequada para a equipa do Benfica.

A farsa do choque tecnológico

Quando José Sócrates anunciou o choque tecnológico como principal desígnio económico do seu governo, percebi que viriam tempos difíceis para ao Técnicos nacionais. Passados cerca de sete anos, posso dizer que não me enganei. Entendamo-nos; entre muitas outras, uma das debilidades do nosso aparelho económico reside na baixa qualificação técnica dos nossos trabalhadores, e, já agora, dos empresários. Por isso, a qualificação contínua de técnicos, gestores e empresas é necessária aos ganhos de produtividade e valor acrescentado que nos permitirão aumentar os salários, os lucros e assim contribuir para a felicidade das pessoas e para o equilíbrio das finanças públicas. Só que a reduzida eficiência geral da formação profissional em curso acaba por produzir efeitos contrários. De facto, a centralização na capital dos centros de formação, as propinas muitas vezes extorsionárias, o nalguns casos anacronismo dos conteúdos e a infantilização vexatória geral com formadores muitas vezes sem percurso profissional relevante, acaba por produzir efeitos perversos e muito graves. Assim, o processo em curso fomenta a  exclusão profissional e social afastando milhares de Técnicos da sua profissão lançando as suas famílias no desespero, concentra a oferta de serviços técnicos na capital em prejuízo do resto do país, à excepção do Porto e uma ou outra cidade, condenando o resto do território à desertificação cada vez mais profunda. Esta realidade constitui nada mais nada menos que uma violação grosseira de dois dos princípios nucleares da democracia, a igualdade de oportunidades e a abolição da posição económica dominante, consagrada constitucionalmente, imputando aos governos a responsabilidade da correspondente garantia. De facto, Técnicos e Empresários vivem "apavorados" perante a incapacidade de planearem as respectivas carreiras profissionais e empresariais, graças à sucessão de novas exigências, muitas vezes sobrepostas, que os colocam alternada e sucessivamente dentro e fora do sistema, para gáudio do lóbi da formação e afins que assim vão enchendo os bolsos, constituindo, afinal, mais um imposto indireto que um serviço.
      A formação e certificação deve ser profissionalmente relevante e acessível a todos reconhecendo as competências adquiridas no terreno, recorrendo a métodos presenciais e não presenciais e parcialmente financiada pela UE, contrariamente ao que se verifica actualmente nalguns sectores, como, por exemplo o da refrigeração, onde Técnicos e Empresários tudo pagam, afinal, para salvação do planeta!
      Constituindo a tecnologia avançada uma das áreas económicas de maior rentabilidade, característica dos países mais prósperos, e ideia do choque tecnológico seria boa se tivesse convocado especialistas económicos e universitários, capitalistas e governo, para a concepção, fabrico e comercialização global dos equipamentos e sistemas decorrentes. Como fazem, por exemplo, alemães, holandeses, suecos, noruegueses, franceses, ingleses, dinamarqueses, italianos, belgas, etc. Mas não!, demagogicamente, hipocritamente, atiraram-se aos Técnicos para mostrar serviço, quem sabe, ao já designado "partido invisível".
      Tudo isto vem a propósito das declarações no Correio da Manhã de hoje (pág. 47) do Bastonário da Ordem dos Engenheiros, segundo as quais a redução crescente dos alunos da área da engenharia se deve "à desvalorização da engenharia na sociedade" , à incapacidade das escolas "cativarem os alunos para as áreas tecnológicas", referindo o exemplo da série "Morangos com Açucar" onde diz não haver um único personagem interessado em Engenharia e finalmente, imputando ao Ministério da Educação a responsabilidade pela não inclusão na sua página infocursos das áreas de engenharia. A tudo isto acrescento eu que, quem destruiu o Ensino Técnico estigmatizando-o ao destinar-lhe os alunos mal sucedidos, não deve aspirar ao sucesso de qualquer "choque tecnológico" de meia tijela.
      Quem é incapaz de sobrepor ao fascínio da Física da Matemática e do Português ao facilitismo das exóticas e inúteis áreas de papel e lápis, fomentando uma falsa economia do conhecimento sustentada na cultura pós-moderna que se tem difundido como uma praga, não pode ter aspirações a qualquer espécie de progresso tecnológico. Primeiro é necessário dignificar a actividade técnica a todos os níveis, sem as quais emergiria a barbárie, dignificar o trabalho e fomentar o respeito de cada um e das instituições por cada trabalhador honrado. E é nisto que consiste aa essência da democracia. Nem todos poderemos ser "Chefes de Mina" como referiu Mandela, mas nem só os Chefes de Mina têm direito à consideração geral e sem Mineiros, a mina não funciona.
      É exigir muito da 4ª República?    
 
(Foto de Vaco Grilo)
     

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Veio a Saudade - Carlos Ramos (1958)

 

            


 
A saudade bate sempre à porta de quem vive de afetos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Caso Fruta (via Master Groove)

 
 




Extinga-se a FPF; haja decoro, isto não é o quintal do zé maria!, Tenham vergonha!

PS: A gravidade deste caso  vai muito para além da absolvição em si mesma; o correspondente processo precedente, com elevado nº de entidades envolvidas - geralmente afectas ao FCP  -,  o paciente e sistemático calcorrear dos vários degraus processuais sempre com decisões favoráveis ao atual desfecho, a tendência favorável da FPF que, à revelia de qualquer racionalidade  promovera o Boavista ao primeiro escalão do futebol nacional, denunciavam a intenção de reversão institucional de todo o processo do Apito Dourado, bem como a confirmação da continuidade da influência do FCP e Pinto da Costa nas instâncias desportivas e quiçá da Polícia Judiciária do Ministério Público e até dos outrora insuspeitos Tribunais Civis. É certo que este acórdão do Conselho de Justiça da FPF não tem qualquer efeito no Tribunal da Opinião Pública, mas tem na credibilidade das instituições e pessoas envolvidas, por induzir a ideia de que, em Portugal, há pessoas acima da lei. Pinto da Costa foi absolvido porque quem tinha o poder de o condenar, oficiosamente lhe reconheceu, apesar de ilegitimada, a representatividade da cidade do Porto à revelia dos poderes políticos constituídos. E é este o caminho da decadência!

domingo, 21 de setembro de 2014

MARIA EMÍLIA FERREIRA - "Fado do Aljube"

O "fado do Aljube", gravado em 1929 por Maria Emília Ferreira, tal como o "Fado Abandono", da autoria de David Mourão Ferreira, cantado por Amália e que ficou conhecido pelo "Fado de Peniche", e alguns do Tristão como os "Lobos da Serra", desmentem a concepção fatalista, conformista, retrógrado e colaboracionista do fado, que  predomina na sociedade portuguesa, omitindo-se, por ignorância ou conveniência, as suas facetas satírica, humorística e denúncia sociopolítica.   Tal serve os propósitos dos revisionistas da cultura, também designados por progressistas, na sua sistemática sanha demolidora da identidade cultural dos portugueses, afim de, então, erigirem os alicerces culturais do "homem novo" compulsivo criador dos paraísos na Terra. Pelo Fado pode chegar-se ao Povo; conhecer os seus temores, as suas angústias, os seus amores e as suas esperanças. Para muitos, o fado é uma espécie de oração, um caminho para o além, este, afinal, objeto de poetas, filósofos ou simples místicos. O Fado, indelével característica identitária portuguesa, deve ser conhecido, enriquecido, partilhado e não ignorado. O Fado do Aljube, com os meus agradecimentos a Tia Macheta.
 
 
                       

Benfica-Moreirense (3-1)

   Um Moreirense pressionando alto e próximo, com grande disponibilidade física e muita gente no meio-campo, boa movimentação, entreajuda e racionalidade, cedo se adiantou no marcador com um belo golo que gelou o estádio, sobretudo pela pastosidade do jogo do Benfica. Efetivamente, a lentidão e défice físico marcaram toda a primeira parte dos encarnados deixando no ar a ideia de quase impossibilidade de darem a volta ao resultado. Assim não aconteceu, graças à maior dinâmica do segundo tempo, já anunciada com a troca de Samaris por Derley ainda na 1ª parte, ao esforço de rotura de Talisca causador da expulsão de Marcelo e à "bomba" de Eliseu, que assim se redimiu da falha de marcação no golo adversário.
   O Moreirense impedia a construção dos jogadores do Benfica, não lhes concedendo espaço para dominar a bola nem tempo para pensar o jogo, disputando os lances quase sempre em superioridade numérica. Pareceu-me que os encarnados acusaram desgaste físico e talvez mental em consequência do exigente jogo com o Zenit. Após o empate, com a entrada de Ola John, aumentou a fluência e criatividade do jogo ofensivo, com as oportunidades a sucederem-se frente a uma defesa que procurava bravamente segurar o resultado. Execução primorosa de Lima na grande-penalidade, quebrando o enguiço, e precioso o "feroz" e oportuno remate do combativo Max, a bater Marafona sem apelo nem agravo.
   Resultado justo e nota positiva para a equipa do Moreirense, fiel à sua própria tradição, com ressalva de eventual antijogo de Marafona. Está de parabéns o Treinador Miguel Leal quer pela qualidade da sua equipa, quer pela serenidade e clareza do seu discurso.
   Julgo que a equipa de arbitragem esteve bem, excepto ao assinalar a grande-penalidade para o Benfica por ausência de contacto e ao deixar sem castigo máximo um corte com a mão de um defesa da equipa de Moreira de Cónegos impedindo o golo encarnado que seria, salvo erro, do empate.

O Vira Minhoto muito bem Dançado! (via Minho em Festa)

Se Deus existe, não deve andar longe desta gente, cuja alegria brota da Terra e, ou, do Céu, e não nas lucubrações sombrias dos intelectuais aspirantes a deuses alternativos ou na solidão dos templos sumptuários.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 20 de setembro de 2014

Lusos paradoxos!

   Leio, que um estudante de 27 anos e um trabalhador da construção civil, de 46, morreram ontem colhidos brutalmente por dois touros durante a primeira largada noturna das festas em honra da Nª Srª da Boa Viagem, na Moita. Na largada, na qual participaram milhares de aficionados, ficaram ainda feridas três pessoas que receberam assistência no hospital do Barreiro. (CM 14.09.14)
 
   E mais, que em Samora Correia, um cavalo feriu nove pessoas numa procissão a 15 de Agosto. Uma criança ficou em estado grave. (ibidem)
 
   Ainda, que em Marvão, um homem de 52 anos, foi colhido por um touro numa largada a 14 de Junho e morreu. (ibidem)
 
   Também que, ainda na Moita, um turista inglês sofreu ferimentos graves após ter sido colhido por um touro em 2013 nas festas da Moita. (ibidem)
 
   Por último, que um representante da comissão de festas da Moita disse ter sido feito um grande investimento e que por isso, a festa iria continuar. (ibidem)
 
   As largadas de touros são uma velha tradição às quais vai quem quer apesar do risco de morte, que nem por isso parecem suscitar particulares preocupações por parte das autoridades competentes, que certamente não terão dispensado a taxazinha habitual.
 
   Recordo a profusão das pistas de skate a que qualquer criança iniciada tem acesso sem algum tipo de prevenção, com risco de acidentes que poderão ser graves. E mais carroceis, circos, teatros, sei lá que mais!
 
   O meu amigo Pierre (nome fictício) enfastiado com a correria da vida parisiense, fascinado com a simplicidade dos portugueses e a tranquilidade de Portugal, mudou-se com a sua mulher, portuguesa, para lusas paragens, determinado a disfrutar de uma vida despretensiosa e tranquila. Investiu as suas poupanças num ginásio espaçoso, equipado com aparelhos de qualidade, acessível, conquistando apreciável clientela que assessorava e vigiava elaborando planos de treino criteriosos adaptados a cada caso mediante sua considerável experiência e conhecimento.  Criaram-se amizades entre a comunidade de praticantes que, em geral, apenas pretendiam "endireitar o esqueleto" e pouco mais. A família de Pierre cresceu, com duas meninas que se fizeram adultas e tudo corria bem sem que se tivesse registado qualquer acidente no seu ginásio. Até que um dia os fiscais da ASAE lhe fecharam o estabelecimento a pretexto de irregularidade emergente de recente legislação, com aplicação da corresponde contra-ordenação, lançando no desespero uma família que tinha sido feliz e tinha contribuído para a felicidade da população local, no tempo em que escasseavam os equipamentos de ginásio.
 
Comecei então a reparar no surgimento de cadeias de ginásios de âmbito nacional e multinacional, em linha, aliás, com o processo de concentração e colonização tecnológica característica dos tempos atuais.

Face ao exposto, sou tentado a pensar que o desvelo da administração central com a segurança  parece ter mais em conta a preservação de certo capital que das pessoas, ao mesmo tempo não se dispensa de tutelar a vida quotidiana de cada um, até nos aspetos mais vulgares, incapaz de reconhecer o direito à liberdade dos cidadãos. E chamam paternalista ao regime de Salazar, quando nem nos deixam respirar.
 

Jesus versus Mourinho

      Não gosto do conceito que Mourinho tem do futebol, embora me agrade que tenha sucesso  graças sobretudo ao remanescente chauvinismozinho que por cá anda. Por outras palavras, agrada-me que um português tenha sucesso internacional ainda que  não admire o conteúdo do seu trabalho. Gosto do futebol espetáculo, do que é praticado pelas equipas que deixam jogar o adversário concedendo-lhe espaço e tempo, equipas que confiam em si próprias, de que é exemplo o Manchester United de Fergusson. Detesto o futebol compacto, físico, directo, que se desenrola em cinquenta metros de terreno, cujo primeiro movimento consiste em impedir a todo o custo o jogo do adversário e o segundo em marcar, seja como for, como é o caso das equipas de Mourinho. Este tem, quanto a mim, uma visão errónea do desporto que consiste na obcessão da vitória, sem olhar a meios, observável na incapacidade de reconhecer mérito ao adversário quando aquela não lhe é favorável. Na sua já longa carreira desportiva, são muitos os casos de intolerância aos adversários. De facto, tenho para mim que, Mourinho, pertence àquela categoria de pessoas que julga rebocar o mundo, entrando em estado de intensa ansiedade sempre que sente ameaçada a visão que tem de si próprio. 
     Talvez seja esta, afinal, a razão da referência que fez ao caso Talisca, relativizando o mérito do departamento técnico do Benfica, considerando-o um acaso resultante de alegadas dificuldades burocráticas no Reino Unido relativamente ao atleta em causa.  Pessoalmente, não acredito, porém, todos sabemos que o futebol português não tem como pedir meças ao inglês, cuja receita, com os direitos televisivos é só de mil milhões de euros esta época.  Fora tudo o resto. Mas também poderá ser motivada por "dor de cotovelo" por causa de Markovic ou por alguma encomenda dourada dos seus "velhos amigos" do passado, atónitos com o desempenho dos vermelhos, já por eles considerados moribundos.
      Mourinho tem formação superior, com um currículo notável é um dos melhores treinadores da atualidade e é frequentemente grosseiro com colegas e atletas. Jesus tem a escola da vida, dá pontapés na gramática e ombreia com os melhores na sua profissão, ao serviço de um clube com um orçamento cerca de vinte por cento do dos clubes que Mourinho tem representado. Este, preferiu o caminho fácil para o sucesso ao aderir ao sistema que tem feito de qualquer um campeão aquém e além fronteiras. Ao contrário, Jesus, com a suas limitações, incorrecções e erros, aderiu a um projeto, aceitando e enfrentando o risco do fracasso, dada a adversidade do ainda poderoso sistema vigente no desporto nacional. Escolheu o caminho mais difícil, levando a sua equipa a produzir um futebol que pela sua espetacularidade e determinação tem fascinado o mundo do futebol, apesar das vicissitudes cada vez mais perceptíveis no futebol europeu.
      Nobreza de carácter é não renunciar às origens humildes, aos seus, nem pretender ser outro com trejeitos pedantes de novo rico e pretensões pseudointelectuais. Pobreza de caráter é diminuir o mérito dos outros com alusões insultuosas que nada têm a ver com a substância do tema em causa. Se, um dia amadurecer, Mourinho, finalmente, irá compreender isto.
     

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Ocaso democrático

Leio; "Políticos ganham mais €133,00. Representantes de poder legislativo e órgãos executivos resistem à crise.
Numa época de graves dificuldades para a generalidade dos cidadãos e empresas em que a incerteza e angústia são companheiras de todas as horas, o aumento de salários da classe política testemunha a sua alienação do país real, a decadência e descrédito do regime de partidos, cujos valores democráticos necessitam de restauração urgente. Persistir nesta trajectória, tarde ou cedo acarretará mudanças trágicas.

Tardio despertar

Leio; na sequência da derrota com o Zenit, Jorge Jesus (JJ) equaciona alterar o eixo defensivo da equipa, insatisfeito com o desempenho de Jardel, o qual terá cometido lapsos causadores dos golos do adversário e da consequente derrota. Se assim é, não me resta alternativa senão criticar JJ, pela tardia compreensão de uma evidência para um "treinador de bancada" como eu. Jardel tem qualidade e suscita simpatia, todos o sabemos; é emotivo, generoso, combativo e humilde, mas é traído por esses mesmos atributos. Segue a bola, vai a todas com tudo, e...desconcentra-se, perde o sentido posicional, desgasta-se, chega tarde e faz faltas. Pode ser muito útil com certos adversários e noutras zonas do terreno; onde tenha protecção nas costas. Claro que JJ sabe, sabia disto; creio que, apesar disso, decidiu dar uma oportunidade a Jardel acreditando na sua capacidade de evolução em plena alta competição ao lado de Luisão, o que o enaltece. Mas foi aqui que falhou; ao não compreender que os requisitos necessários à evolução supostamente pretendida relevam eminentemente da natureza e carácter de cada um e pouco, muito pouco, do treino e experiência. Jorge Jesus, neste particular, poderia e deveria ter feito melhor. Será que Lisandro - ou mesmo Mitrovic, já fora do clube -, não constituiria melhor opção?

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Benfica-Zenit (0-2)

Perdemos o jogo mas ganhámos a equipa e o público; pela atitude mental e qualidade técnico-tática que todos os jogadores demonstraram e que poderia até ter valido outro resultado. Mérito ao guarda-redes adversário e demérito do árbitro pela incoerência que demonstrou.
      Entendamo-nos; a equipa do Zenit apresentou um futebol de grande qualidade em todas as vertentes, física, tática e técnica, muito dinâmico e sincronizado, recuperando a posse da bola com grande eficácia e com entradas fulgurantes a rasgar a defesa encarnada, que rendeu um golo e uma expulsão e decidiu a contenda. A equipa do Benfica, ainda em "afinações" entrou desconcentrada, algo desconexa e lenta, reagiu  estupendamente à adversidade  do resultado e da inferioridade numérica fazendo os adversários suar as estopinhas, contrariamente aos meus receios de decaimento mental coletivo. Provavelmente os jogadores do Zenit baixaram a intensidade de jogo, mas também é verdade que, pelo menos na 2ª parte, se viram gregos com os encarnados. Que o diga o seu guarda-redes que a estes negou dois tentos, que seriam belos e merecidos. Que o diga o árbitro cuja atuação, sem surpresa, pendeu para os  "gaspromes". Fantástica a cabeçada do Luisão, o quase-túnel de Lima e slalom quase fatal de Enzo. Muito bem Paulo Lopes a mostrar que tem argumentos para a baliza do Benfica. Fantástico o público não regateando os aplausos que os jogadores mereceram.
   Uma coisa é certa; este Benfica tem larga margem de progressão. Já o Zénite me parece estar próximo do seu zénite. Cá calharás.

domingo, 14 de setembro de 2014

João César das Neves em entrevista ao i

Publicou o jornal i em 6 de Setembro, uma extensa e curiosa entrevista a João César das Neves, conduzida por Isabel Tavares e Eduardo Martins, onde  aquele polémico professor catedrático da Católica do Porto, explanou os seus pontos de vista relativamente à crise que se vive em Portugal.
César das Neves (CdN) atribui a causa primordial da crise à imoderação salarial, que terá ocorrido quase em simultâneo com a entrada em vigor do euro, provocada pelas poderosas corporações que representam os trabalhadores do Estado e cuja consequência se traduziu na perda crescente de competitividade da economia nacional, endividamento e empobrecimento do país. Tudo sustentado em números de proveniência idónea e sem afastar outras razões, porém, de menor impacto.

Nesta entrevista, refere CdN dever-se à irresponsabilidade nacional, ao incumprimento  do pacto de estabilidade a que o país se vinculou, a austeridade a que tem sido sujeito, apesar de tudo com benevolência face ao que tem acontecido com, por exemplo, a Grécia, já que não terá cumprido com os critérios de avaliação, apesar de ter passado em todos os exames da troica.

Refere que teria sido mais fácil para todos se os mais poderosos tivessem feito o seu papel aceitando os cortes, e sublinha que os sacrifícios têm sido feitos de forma desequilibrada, destacando os desempregados, as falências das empresas, a emigração e a reconversão na recuperação económica do país, traduzida na redução do endividamento externo, enquanto enorme quantidade de grupos próximos do Estado ou do poder económico, como o BPN, o BES, funcionários públicos e outras entidades conseguiram proteger-se dos cortes, apesar de serem os mais reivindicativos.

Questiona o critério de igualdade suscitado pelo Tribunal Constitucional na defesa dos menos afectados, afirmando promover o contrário com as decisões que tomou, sobrecarregando o sector privado, que tem sofrido as principais consequências do ajustamento desde 2007. 

Face a tudo isto, afirma CdN, que a melhor maneira de resolver a crise é não haver dinheiro, única via de todos percebermos a importância decisiva de execução urgente das reformas do Estado necessárias à recuperação económica e ao crescimento, para as quais o BCE  criou,  temporariamente, as condições propícias, a que se seguirá o inevitável aumento das taxas de juro e da inflação.

Disse que a falência de BES se deveu essencialmente a maus negócios, contrariamente ao caso BPN que terá sido puro roubo, apesar do indício de irregularidades apontar para longas penas dos seus autores, afirmando-se ainda convicto de que a solução implementada é a que melhor protege os interesses do contribuinte ainda que, este, não esteja totalmente livre de consequências.

Surpreendentemente e paradoxalmente, revela compreensão pela incapacidade revelada pelos reguladores BdP e CMVM nestes casos, assegurando ter conhecimentos passíveis de comprometimento do seu desempenho, sustentando a enorme dificuldade da tarefa, para a qual, ele mesmo, não se sente com capacidade, e por isso não poder exigir-se mais aos titulares da regulação. Alega, apesar disso, que deve manter-se a confiança no sistema financeiro, sem a qual este não funciona e todos passaríamos a ter de viver com o dinheiro que teríamos nos bolsos.

Reconhece alguma qualidade na nossa justiça apesar da lentidão processual, apontando o caso do BPN como exemplo do condicionamento da mesma, traduzido na constituição de apenas um arguido e no desaparecimento de outros implicados devido precisamente à sua influência política, referindo o PS e o PSD como exemplos. Espera contudo que no caso BES, outro seja o desfecho.

Relativiza a genuinidade dos críticos sistemáticos do país, denunciando a sua falta de coerência, traduzida na auto-sujeição ao modo de vida que os angustia, em vez de procurarem a realização e tranquilidade pessoais em outras paragens.

Reconhece a corresponsabilização da UE na violação do pacto de estabilidade pelo país, logo secundado pela França e pela própria Alemanha, quando tal se lhes tornou inevitável. Acrescento eu que tal responsabilidade se agudizou ao permitir a desorçamentação da despesa pública através dos variados artifícios empresariais a que fechou os olhos ou mesmo sugeriu.

Mais considera CdN, não estar em pânico, por a economia ter dado a volta, graças ao tremendo esforço de reestruturação das pessoas, apesar das muitas coisas que ficaram por fazer e do peso morto de grupos instalados à volta do Estado que designa por cambada de parasitas, que, contudo, não impediu a máquina económica de dar sinais de funcionamento.

Mais uma vez nos surpreende CdN ao considerar a crise espanhola muito mais grave que a portuguesa - o endividamento é cerca de 90% do PIB -, e ao revelar-se mais satisfeito de estar em Portugal do que se estivesse em Espanha, França, Itália ou até na Alemanha, considerando que, a longo prazo, as maiores dificuldades serão para este último país.

Como solução para o crescimento económico em Portugal e na Europa, depois de afirmar terem-se acabado as abébias que conduziram o dinheiro aos bolsos do costume sem promover desenvolvimento algum, dá o exemplo dos EUA, apontando para a necessidade de estímulos de curto-prazo - empréstimos de curta-duração pelo BCE - acompanhados de uma reestruturação brutal de curto e médio prazo, considerando absolutamente indispensável que os cidadão compreendam que temos de ter um Estado que consiga pagar os empréstimos.

Fiscais para tudo e mais alguma coisa, invenção de impostos para tapar todas as facilidades, queimando a galinha dos ovos de oiro, graças aos fiscais da ASAE e de todos os organismos que estão montados para este propósito, ao seguidismo relativamente às directivas da UE, que serão feitas para países muito mais ricos que nós e que adoptamos, acabando por matar a economia, diz CdN. Refere a hipocrisia do acarinhamento às pequenas empresas denunciando a punição a que são submetidas logo que crescem, constituindo um paradoxal castigo do sucesso económico.

Considera Junker uma nulidade, simpático mas sem influência, razão decisiva na sua escolha para Presidente da Comissão Europeia mais vocacionada para destruir que para fazer algo de útil.

Termina, sustentando a inevitabilidade da maior influência da Alemanha no seio da UE em virtude da dimensão da sua economia e do financiamento maciço que àquela proporciona, face a países mais pequenos como Portugal ou o Luxemburgo, ponto em que estamos claramente em desacordo, visto que, quanto a mim, a soberania dum povo não se afere pelo tamanho do respectivo orçamento; antes pobre e livre que abastado e subjugado.

A degradação militar e o 25.04

Na sua revista Domingo, o Correio da manhã tem dedicado desde há largos meses uma a duas páginas aos relatos de ex-combatentes da guerra do ultramar, matéria que me é cara pela qual estou grato àquele diário. Desta vez foi Luís Alberto Costa a resumir a sua participação na Guiné onde esteve aquartelado em Farim, zona fronteiriça, alvo de frequentes ataques das forças inimigas, onde assistiu ao agonizar de vários camaradas de armas chegando mesmo a salvar um deles, gravemente ferido,  transportando-o, sob fogo, às costas, para a viatura que o haveria de conduzir ao hospital. Mas foi a parte final da sua história que me chamou a atenção, por coincidir com vários outros relatos de gente que viveu de perto essa guerra, e que consiste no estado de desagregação em que se encontravam as altas patentes militares das nossas Forças Armadas, consequência da incansável guerra de subversão que o PCP desenvolveu em várias frentes, com especial destaque nas universidades e escolas militares. Melo Antunes, Victor Alves, Rosa Coutinho e até o Marechal Costa Gomes são apontados por vários autores como exemplos, e, afinal, talvez tenha sido essa a causa remota do 25 de Abril e da trágica descolonização que se verificou.
 
Relata Luís Costa, que, por terem respondido com fogo ao ataque inimigo perpetrado em 26 de Abril, foi o comandante interino da Companhia, major Meneses, preso por ordem das chefias militares em Bissau, acusado de fascista por ter continuado a guerra, tendo sido posteriormente solto graças a um abaixo-assinado organizado por aquele combatente. Este episódio mostra o estado de insanidade militar que se vivia à época e se difundiu no país com as consequências que se conhecem e que ainda hoje se fazem sentir, para gáudio de alguns e desespero de muitos, mas que mancham instituições centenárias das quais todos nos deveríamos orgulhar.
 
A minha gratidão ao Luís Costa.

Teófilo Santiago

O recente julgamento em 1ª instância pelo Tribunal de Aveiro do caso conhecido por Face Oculta, visto pela generalidade dos comentadores e dos cidadãos com um sinal de esperança na regeneração da Justiça Portuguesa, sem a qual soçobrará a democracia, tem como principal fautor um homem que há muito tinha por competente e corajoso; TEÓFILO SANTIAGO, o Diretor da Polícia Judiciária de Aveiro, comarca para onde foi "desterrado" após o seu trabalho exemplar no processo do "Apito Dourado", o qual, infelizmente para o futebol nacional, teve um desfecho algo diferente, talvez pelo envolvimento indireto dos principais arguidos do caso, com figuras ligadas ao poder da época, agora condenadas. O meu reconhecimento a Teófilo Santiago e a todos os que, como ele, zelam, efetivamente pelo bem público. Vai para a minha restrita galeria de heróis, tão escassos no Portugal contemporâneo.

sábado, 13 de setembro de 2014

Setúbal-Benfica (0-5)

A coisa parece compor-se; este jogo serviu para confirmar que, apesar das alterações no plantel desta época, a equipa não perdeu o fio de jogo, que será melhorado graças às novas entradas. Dissiparam-se as dúvidas acerca de Talisca, que, está visto, vai ser um caso sério, enquanto Jardel vai consolidando o seu lugar ao lado de Luisão e Eliseu garante a solidez do lado esquerdo. Samaris mostrou requisitos para a posição e Sálvio regressou à grande forma que faz dele uma gazua das defesas contrárias. Gaitan está com a bola toda e Lima trabalha como um mouro, necessitando apenas de maior descontração para marcar os golinhos de que necessitamos. Não se confirmaram os receios relativamente a Artur, até porque não teve grande trabalho. Enfim, não fora a preia-mar e ter-se-iam marcado mais golos. Quanto ao Setúbal, não sei o que se passou; ou a equipa é fraca ou foram-se abaixo. O futuro dirá.
 
Dizem que houve incorreta anulação de um golo ao Setúbal - por fora de jogo - que poderia ter mudado a história do jogo; não sei, não vi.
 
Vamos agora ver como se comporta a equipa no jogo da champions que aí vem. Oxalá Júlio César esteja recuperado.

sábado, 6 de setembro de 2014

Mário Figueiredo quer travar eleições


Noticia a imprensa ter Mário Figueiredo apresentado uma providência cautelar relativamente à decisão do CJ da FPF  de repetição do ato eleitoral da LPFP que, por sua vez, validou as candidaturas de Fernando Seara e Rui Alves, não se tendo contudo pronunciado quanto ao recurso apresentado pelo Nacional relativamente às mesmas eleições. Por outro lado, o Presidente da Assembleia Geral da Liga, Carlos Deus Pereira, que disse considerar política a decisão de anulação das eleições, recusa-se a convocar novas eleições sem uma decisão do CJ da FPF quanto ao recurso do Nacional. Perante tudo isto pronunciou-se o Secretário de Estado do Desporto e Juventude no sentido de garantir o cumprimento da lei, reconhecendo porém o direito de recurso de Mário Figueiredo.

Finalmente apareceu alguém disposto a lutar pela regeneração e competitividade do futebol nacional, munido da coragem, competência jurídica e visão empresarial necessárias. O seu projecto é o melhor; alteração dos quadros competitivos de molde a aumentar o grau de incerteza dos resultados e centralização dos direitos desportivos com vista à maximização das correspondentes contrapartidas pelo estímulo concorrencial, desmantelando, simultaneamente, a teia que subjuga grande parte dos clubes - os seus opositores - aos interesses do concessionário e seus aliados explícitos e implícitos.

A luta de Mário Figueiredo, tem a virtude de pôr a descoberto a hipocrisia de todos os que têm enchido a boca e os jornais com a necessidade de defesa da verdade desportiva, da transparência e de denúncia e combate ao "sistema". Hoje, perante a luta de Figueiredo, permanecem em silêncio ou imputam-lhe as responsabilidades do estado a que chegou a Liga, quando salta à vista o processo de asfixia financeira em curso de que esta entidade tem sido vítima, a que não será estranha o injustificado silêncio da ERC relativamente à queixa que Mário Figueiredo apresentou contra  abuso de posição dominante no caso da concessão dos direitos desportivos dos clubes. Recentemente, aliás, este dirigente, fez uma exposição a Emídio Guerreiro acerca da anormalidade dos pagamento contratados por parte do concessionário, o qual, por alegada falta de recursos paga em letras aos clubes, processo oneroso e indutor de instabilidade visto que, como sabemos, é sempre o aceitante o responsável pela liquidação das mesmas.

Quanto às declarações do Secretário de Estado, entendo-as mais como uma ameaça à liga e ao seu Presidente que de vontade de colaborar na procura das melhores soluções para o futebol, em virtude da recente lei que ele próprio fez aprovar no sentido de proporcionar à FPF a alocação das competências que ainda restam à Liga. E é convicção dos cidadãos adeptos, onde me incluo, que a FPF é actualmente dominada pelo "sistema" que Figueiredo combate. Não tenho dúvidas que é o medo e não a convicção, que sustenta os opositores de Figueiredo. Endereço pois os parabéns aos clubes que o apoiam, Sporting, Belenenses, Paços de Ferreira, Leixões, Farense, Santa Clara e Atlético e até ao Boavista apesar do seu voto em branco. Lamento a indefinição do Benfica, apesar de a compreender.

Efectivamente, talvez o Governo tenha que agir, já que a maioria dos clubes não parece interessada em acabar com o pestilento ambiente em que vegeta, acabando tudo isto, afinal, em desprestígio e até humilhação para os adeptos do futebol nacional, nomeadamente da Selecção Nacional, que, por sinal, acaba de ser batida em casa pela fortíssima selecção da Albânia, dando desde já o mote da tendência do apuramento ora iniciado. Falta a humilhação suprema para mudar o futebol...tal como o País.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

De bárbaros a burocratas (Lawrence M. Miller) (2)

Continuação: citações avulsas:

"A centralização a nível nacional, ou no seio de uma empresa, glorifica sempre a importância do documento. E isto ofusca o sentido da realidade. À medida que os homens e as organizações se começam a preocupar com o documento tornam-se menos compreensivos, menos sensíveis à realidade dos assuntos com os quais deveriam operar. Tomar decisões a partir de documentos tem um efeito desumanizador. Muita da desumanização do homem para com o homem é devida a isto. Quase todos os grandes estudiosos da Humanidade repararam neste facto. (pág. 135) (declaração atribuída pelo autor a David E. Lilienthal)
 
Nota: Mas é isto mesmo que está a acontecer com a multiplicação dos processos de certificação em curso, que mais não são que meios de colocar os recursos de todos nas mãos de muito poucos.
 
"A descentralização permite a cada um gerir o seu próprio negócio. Isto é um dos mecanismos principais para a preservação das qualidades do Profeta e do Bárbaro, as qualidades de visão e de acção determinada." (pág. 136)
 
" O medo provocado pelos sistemas de controlo destrói a iniciativa própria e os indivíduos devem agora, cada vez mais, ser comandados e instruídos em vez de se confiar neles." (pág. 137)
 
Nota: Por cá abundam os sistemas e os capatazes.
 
"O excesso de administração dá origem a comportamentos mecânicos, não reflectidos, e à ineficiência. (pág. 137)
 
"Quanto mais um indivíduo se torna perito numa especialização, mais indispensável se torna e menos se podem contestar as suas decisões. A responsabilidade não é agora pelo todo mas pelas pequenas partes, e as partes estão cada vez menos ligadas e mais isotéricas....Eles retiraram-se do grande contexto social para aumentarem o seu conhecimento, mas não foram capazes de regressar à grande unidade social." (pág. 138)
 
"É a incapacidade em reconhecer os empregados como parceiros, amigos e aliados de confiança que dá origem à classe revoltada dentro da empresa." (pág. 139)
 
"Um dos princípios fundamentais da sua filosofia de gestão ( da Honda) é avançar sempre com a juventude. Porquê juventude? Porque é característica dos jovens tentar coisas que são diferentes, ou até mesmo, contrárias à velha ordem. Se avançar sempre com juventude, está constantemente a explorar novos caminhos e a encontrar frequentemente caminhos melhores." (pág. 143)
 
"O acto final que assinala a roptura das civilizações é a deflagração da discórdia interna, uma guerra civil entre fracções e reinos feudais." (pág. 144)
 
Nota: É o que me parece verificar-se em Portugal desde 74; há demasiada discórdia e pouco debate.

"A desintegração vertical da sociedade é observada no  desenvolvimento do aumento das classes." (pág. 145)

"O Presidente Mao enviou todos os trabalhadores do governo para trabalharem no campo durante um ano." (pág. 145)

"O objectivo de Mao e de Perot era eliminar a alienação de classes que leva à revolução." (pág. 146)

"E é o sistema na sua globalidade, com a sua falta de controlo e de balanços, com a falta de prémios ou castigos por servir ou destruir o bem social, que permite a fuga do criminoso Aristocrata que roubou os accionistas, empregados, clientes e o público em geral. Todas as revoluções sociais, a americana, a francesa e a russa resultaram do fracasso de tais sistemas."  (pág. 151)

"Será que Deus esqueceu o que fiz por ele?" (frase atribuída pelo autor a Luis XIV na pág. 151)

"A nossa classe social perigosa não se encontra no fundo mas no topo. A riqueza sem lei é mais perigosa que a pobreza sem lei." (frase atribuída pelo autor a Henry Ward Beecher, 1873)

"Durante os anos de declínio de cada civilização, o espírito da religião é pervertido. A grandeza dos ídolos, dos templos e dos estúdios de televisão torna-se mais importante do que a essência espiritual que eles são supostos servir." (pág. 155)

"O que se passa hoje nas empresas em todo o país é absurdo. É como um "Estado Previdência " empresarial. Sustentamos equipas de gestão que não produzem nada. Não, é ainda pior. Não só pagamos a esses parasitas para não produzirem como pagamos para lixarem o trabalho." (atribuído pelo autor a Carl Icahn, presidente da TWA, pág. 159)

"O coração dos negócios é produzir e vender, não a gestão financeira ou o planeamento estratégico." (pág. 162)

"O sistema de direção das empresas públicas está à beira de desmoronar, porque se tornou um sistema fechado, e todos os sistemas fechados padecem de isolamento por falta de retroação crítica." (pág. 169)

"O que parece claro em todos os estudos sobre a fusão e aquisição de negócios não integrados, é que estas operações raramente acrescentam valor." (pág. 171)

"A centelha da verdade advém do confronto de opiniões diversas." (atribuído ao profeta persa Baha U'LLah, pág. 173)

"As empresas experientes melhor geridas são sinérgicas. São um equilíbrio e mistura entre as características do Profeta, do Bárbaro, do Construtor, do Explorador e do Administrador. Mas, mais importante, o Sinergista é aquele que cria a unidade social."  (pág. 173)

"A empresa não precisa de gente como o senhor, que só utiliza a cabeça. Antes de conceber este modelo, porque não escutou a opinião das pessoas experientes da oficina? Se pensa que a formação universitária é suficiente, está completamente enganado. Não será de grande utilidade na Honda a não ser que passe mais tempo no local de acção nos próximos anos." (exemplo da filosofia da Honda, pág. 176)

"São exigentes com os resultados mas brandos com as pessoas" (pág. 176)

"A Honda está no negócio da construção de excelentes carros, e muitas outras empresas estão, antes de mais, no negócio de fazer dinheiro, só depois na construção de carros." (pág. 179)

"A flexibilidade e o desenvolvimento de competências alargadas são princípios centrais." (pág. 179)

"Existe pouca satisfação em atingir a média, quer a nível do desporto quer a nível do negócio. É a luta pelo melhor que cria o entusiasmo e o sacrifício, nada mais." (pág. 184)

"Terá de ser reconhecido que alguma desordem é sinal de crescimento e vitalidade." (pág. 185)

"Parece irónico que a satisfação e a segurança sejam inimigos da perfeição". (pág. 186)

"A rapidez de decidir e atuar prontamente leva à expansão e ao progresso. A acção determinada deve ser equilibrada por um planeamento deliberado." (pág. 187)

"A grande empresa, com grandes investimentos, tem a responsabilidade de pesar cuidadosamente as opções e as implicações das decisões importantes. Por outro lado, deve estar disposta a alterar ou mesmo a abandonar os planos de um dia para o outro." (pág. 188)

"As decisões de maior qualidade são atingidas pelo consenso. O consenso torna-se mais valioso quando representa a sabedoria coletiva dos participantes com ideias e experiências diversas." (pág. 189)

"O conhecimento e as competências especializadas devem ser procuradas vigorosamente. Uma vez obtidos, as competências devem ser integradas." (pág. 193)

"E à medida que a empresa se torna mais especializada, ninguém se dispõe a tomar a responsabilidade quando algo corre mal." (pág. 194)

"pode quase calcular-se uma correlação direta negativa entre o número de níveis de uma empresa e a motivação dos empregados." (pág. 195)

"As metáforas e a experiência cultural partilhada - desde as T-shirts de Michael Jackson nas aldeias do Tibete ao álbum Graceland de Paul Simon, que incorpora ritmos das tribos africanas - demonstram que a pulsação do mundo tende gradualmente para o mesmo batimento." (pág. 200)