Desporto

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os malefícios da concentração económica



O CM de 11.04.2013, publica uma crónica sob o título "Família do Pingo Doce tem salário de Milhões" na qual refere que a família Soares dos Santos terá ganho em 2012, só em salários, 2,6 milhões de euros e que, pelos 56,1 % do capital da sociedade receberá a título de dividendos em oito de Maio próximo, 104 milhões de euros, constituindo um aumento de 7,3% face ao ano anterior.

Não nego os benefícios económicos das grandes superfícies, nomeadamente pelo aumento de concorrência que proporciona e consequente impacto na estabilidade dos preços, pela diversificação da oferta, facultando acesso a bens de outra forma inacessíveis à generalidade da população, pela melhoria da qualidade  de acondicionamento e conservação dos produtos, especialmente os refrigerados e congelados, pela maior amplitude dos horários de funcionamento, facilitadores do quotidiano das pessoas, até pelo efeito de entretenimento que proporciona a muitas famílias, as quais chegam a organizar "expedições" regulares aos hiper!
No entanto, nem tudo são rosas. O método de venda estimula o consumo supérfluo tendendo a absorver as poupanças proporcionadas pelos mais baixos preços, induz aumento de gastos com deslocações atenuados pelos competitivos preços dos combustíveis que proporciona e...destrui postos de trabalho! Sim, não cria emprego líquido, destrui emprego pelo efeito da concentração da riqueza. O que antes era distribuído por muitos é hoje afecto a muito menos, o que antes provinha da produção local, em grande parte, vem agora de longínquas paragens.  Não menos importante, arrefece as relações pessoais, materializa-as, retira-lhes o afeto; afeto, simpatia e até amizade, que é possível ver num mercado tradicional, onde as pessoas se encontram e conversam querendo saber umas das outras, trocando notícias e transacionando...produtos locais.

A instalação dos hiper nas periferias desloca para lá as populações esvaziando os centros urbanos, impondo investimentos de toda a sorte; transportes, infraestruturas, saneamento...agravando os encargos com combustíveis e correspondentes emissões poluentes;«De cada vez que estudantes e trabalhadores saem de casa, são libertados cerca de 6,1 milhões de kg de CO2. Os movimentos pendulares valem 24 por cento das emissões dos transportes», noticiava a imprensa há três dias.

Não creio que os produtos de origem longínqua reflitam os correspondentes efetivos custos globais, nomeadamente, no impacto ambiental direto e indireto, bem como em equipamentos, infraestruturas e serviços vários alocados. Considero que os governos deveriam negociar com os hiper, quotas de comercialização de produtos locais que permitiriam reduzir importações e criar emprego. De igual modo, deveriam negociar quotas de exportação de produtos nacionais através das suas redes próprias de comercialização externa. Tal estratégia, visaria garantir um saldo positivo, quer económico, quer laboral. Então sim, até olharia com simpatia para as remunerações faraónicas a que, parece, auferem.

Até lá, proponho umas contas feitas à pressa; 100 ME por 56,1 % correspondem a 178 ME de dividendos distribuídos. Considerando que outro tanto poderá ter sido alocado a reservas de capital, chegaremos a um lucro líquido depois dos impostos de 356 ME.  Ora, se tal corresponder a 10% do valor da faturação total, chegaremos à bonita soma de 3560 ME! É lá! Continuando; para uma faturação anual de 100 mE resultariam 35600 micro empresas, com um resultado líquido anual próximo dos 20 mE, suficiente para, cada uma delas, financiar  uma família normal de 3 pessoas a que juntaremos mais 2 trabalhadores por firma. Teríamos assim que, só os dividendos em causa, poderiam proporcionar sustento direto a 178000 pessoas! É obra! 


Mas não é tudo! Acontece que, no final da cadeia de valor, estas organizações identificam todas as fileiras económicas conexas rentáveis, constituindo grupos económicos fechados, "secando" a concorrência, graças às economias de escala e relacionamento comercial privilegiado. O resultado é que, enquanto as 35600 empresas recorriam aos serviços locais; do pedreiro, do canalizador, do eletricista, do pintor, do carpinteiro, do frigorista, do informático, etc, agora, esse serviço é assegurado pelas firmas do próprio grupo que assim alavancam o valor da casa mãe. Adotando como razoável uma proporção de 10% teríamos mais 3560 micro empresas, provavelmente, mais 7120 pessoas, perfazendo um total de 185120 pessoas! É obra! Se agora, por um simples acaso, o grupo do "ti Belmiro" conseguisse a mesma performance, chegaríamos ao bonito resultado de 370240 pessoas! Ora se bem me lembro, ainda temos o Jumbo, o Carrefour, o Lidl, o Intermarché, o Leclerc, o Minipreço,  etc. Se todos eles valerem o mesmo que os dois anteriores, então...teríamos o problema do desemprego resolvido; 740480 pessoas! E por aqui fora, onde haja concentração económica!



Se não me escapou nada, resta-me aguardar o telefonema do Sr. Primeiro Ministro!


Recepção em St James Park; o que a fruta não compra.

 
 

É O BENFICA!

 
 



Newcastle-Benfica (1-1); venham as meias-finais.

Não foi um jogo brilhante; na segunda parte foi até deprimente, estúpidamente deprimente, exceto nos cinco minutos finas, onde a nossa equipa "matou" o jogo; algo que poderia e deveria ter feito ainda na primeira parte em várias ocasiões flagrantes. Foi um golo catártico; fiquei com dúvidas acerca da intencionalidade do excelente cruzamento de Rodrigo, mas não do inteligente remate de Sálvio a colocar a bola fora do alcance do guarda-redes, após entrada fulgurante sobre o estático defesa confiante na receção do esférico.
 
O Benfica adotou uma tática de controlo, bloquendo a esperada intensa dinâmica ofensiva contrária, partindo para transições ofensivas que lhe permitissem marcar cedo, o tento da tranquilidade.  Ganhou-se a luta do meio-campo, muito bem apoiado durante toda a primeira parte, na qual, os nossos atletas venciam quase sempre os duelos individuais. Faltou pé direito a Gaitan para meter a bola ao 2º poste, bem fora do alcance do defesa que fechava o primeiro, naquela perdida incrível. Neste período. não me recordo de o Newcastle chegar com perigo à baliza de Artur, exceto no lance do golo em posição de fora-de-jogo; algumas oportunidades de remate de meia-distância foram concluidos de forma algo disparatada.
 
No 2º tempo, a equipa do Benfica cedeu o meio-campo ao adversário, recuou no terreno, tornou-se surpreendentemente lenta e complicada, proporcionando o desenvolvimento de sucessivos lances ofensivos adversários, nos quais, geralmente, sobrava o empenho mas faltava o talento. Foi num lance de insistência meio atabalhoado, com muita passividade da defensiva vermelha, que o Newcastle fez o golo auto-estimulante, já depois de novo susto ao colocar a bola nas redes de Artur, mais uma vez, num lance de fora-de-jogo assinalado (a diferença que fazem os bons dos maus árbitros). Sentindo a eliminatória perigar, os atletas do benfas meteram a terceira e fizeram, brilhantemente, o desempate para desespero dos beefs.
 
Há muito que é para mim clara a necessidade de um armador de jogo; um Aimar em boa condição, com capacidade para receber e segurar a bola, driblar, criar espaços e desenhar os lances ofensivos. Não compreendo a sucessiva  falta de marcação do extremo direito adversário, sempre soltíssimo da silva, para receber, controlar, ler, transportar e cruzar! Foram talvez perto de uma dezena de lances sempre perigosos, precisamente na zona por onde nascera o lance do golo na Luz! Tudo sem que a equipa fizesse a correção da compensação necessária! How come! Luisão! Artur!Jesus! Ola John! Não é possível!
 
É importante manter a capacidade de aprender com os erros próprios e dos dos adversários.
 
Preparemo-nos para o seguinte, que este já está.

PS: Gostei da homenagem a Boby Robson; um Homem que sempre respeitei apesar de duplamente rival. Também gostei do ambiente de cordialidade entre as equipas e Técnicos.