Desporto

domingo, 27 de janeiro de 2013

Mário Figueiredo


Apesar das reservas que o atual Presidente da LPFP me suscita devido a anteriores ligações a dirigentes e consultores "nortecoreanos", admito que tem prosseguido com coragem o quase solitário caminho de desmantelamento da nefasta influência do universo olividesportos no futebol luso. 
 
Com a conivência de múltiplas entidades apostadas na construção do Portugal Novo - o Portugal dos trafulhas -, assegurando o monopólio dos direitos das transmissões desportivas, aquela entidade tem vindo a encher os seus cofres com recursos que deveriam ser canalizados para os clubes.
 
Ao contrário, impondo os calendários dos jogos, esvazia os estádios, ganhando espetadores do seu canal desportivo, que lhe permitem maximizar as receitas publicitárias, enquanto lança os clubes na indigência, tornando-os presa fácil do kim jong ill cá do burgo.
 
Com toda uma vasta panóplia de recursos, desde cedência ou aquisição de atletas, fornecimento de técnicos e dirigentes, controle institucional e dos juízes de campo, o dinossauro-mor do pédibol, aspirante a herói da sua rua, rápidamente sateliteliza os clubes do seu agrado, fomentando o antibenfiquismo primário  perante a cobardia generalizada.
 
Diz Mário Figueiredo (em o CM 26.01.2013): "É impossível gerir o espetáculo do futebol sem controlar diretamente as transmissões televisivas e as respetivas receitas."
 
Mais à frente: "...Até agora as regras têm sido ditadas pelo operador em ter grandes assistências de TV em detrimento das assistências nos estádios."
 
Ainda: "Há uma figura central nos últimos 15, 20 anos: Joaquim Oliveira, que tem controlado os fluxos financeiros no futebol, acumulando centenas de milhões de euros, que deveriam pertencer aos clubes, numa situação de abuso de posição dominante em prejuízo dos clubes e dos consumidores. Nos últimos tempos, a sua posição tem sido coadjuvada por um seu antigo funcionário, atual presidente da FPF, e por um senhor ministro da tutela, que, numa espécie de concubinato, têm servido para a perpetuação de um sistema ilegal e injusto."
 
Declarações assombrosas que justificam o benefício da dúvida relativamente ao autor das mesmas. Simultâneamente, revelam uma importante alteração no xadrês político do futebol. Com efeito, há um alargado grupo de clubes que reclama independência, afrontando quem os tem esmagado financeira e desportivamente. O futebol português necessita dela, sob pena de definhar até à irrelevância. Pode ler-se no mesmo trabalho; "perderam-se 300 mil espetadores nos estádios!"
 
O Benfica, principal vítima do domínio branco mercê do estado de periclitância financeira em que também caíu num passado já distante, solitário resistente e combatente  dos usurpadores, tem novos argumentos ao seu alcance, que importa não menosprezar.
 
Urge pois, aprofundar o conhecimento do projeto de Mário Figueiredo e seus apoiantes, sopesá-lo em toda a extensão, identificar áreas de convergência que permitam aumentar a probabilidade de sucesso da luta pela restauração da dignidade  ao futebol e aos clubes, para que possa voltar a valer a pena ver um espetáculo de futebol sem o estigma da revolta e do ódio.
 
A recente tragédia no egipto deveria constituir motivo de reflexão para todos os incentivadores da intolerância desportiva bem como para os que têm obrigação institucional de punir os crimes de incentivo ao ódio e à violência.
 
Quanto à tutela, já percebemos que o atual ministro parece estar alinhado com os atuais mandantes da bola, desde logo pela determinação que se lhe percebe em retirar ao Estádio Nacional a realização da final da Taça de Portugal, com as velhas alegações de falta de condições de higiene e segurança! Nem kim jong ill, teria feito melhor. Bom seria que Alexandre Mestre e Passos Coelho percebessem que não somos parvos.
 
AB 
 

Braga-Benfica (1-2)


Foi um Benfica personalizado, confiante,talentoso e solidário que entrou no Municipal de Braga. O supercriativo Gaitan no miolo, alas potentíssimas e ponta de lança de barba rija foram escaqueirando a defensiva Bracarense. Matic, apoiado pelo príncipe da bola de seu nome Enzo Pérez, tratavam da recuperação e do início da construção. Luizão imperial, mandava na defesa apoiado por um cada vez melhor Jardel. Melgarejo está um senhor defesa-esquerdo e Maxí apresentou-se em melhor forma. Artur disse presente quando foi preciso e não teve responsabilidade no golo.

Foi assim durante toda a primeira parte que rendeu dois belos golos dos virtuosos Gaitan, John, Sálvio e Lima, onde à visão e qualidade técnica de Gaitan responderam Sálvio e Lima com garra, força e talento; com o tempero de que deveriam ser feitas todas as vitórias.
 
Já na segunda parte o Benfica mudou a estratégia  para registo controle que custou um golo e muita aflição. Uma velha dificuldade que tarda em ser superada, aconselhando moderação no uso deste modelo. Estou convicto que deveria ter sido mantida a dinâmica inicial procurando o terceiro; depois então passar-se-ia ao modelo contenção.

Tenho uma simpatia especial pelo Enzo. Muito evoluído técnicamente, é um lutador solidário não regateando esforços na apoio defensivo; fala pouco, não gesticula, não discute...simplesmente...joga e faz jogar! Bravo!

Lima parece decidido a apostar no fabrico de chapéus de belo recorte. Desta vez porém o lance aconselhava progressão e bomba ou finta sobre o guarda-redes. Teria sido fenomenal! Cansado para um sprint de 40 metros? Uma fézada?

Gostei de ver o Urreta entrar a tempo de ainda fazer umas boas arrancadas. Tenho uma grande fézada nele; temos jogador. Igualmente, gostei que o Kardek tenha pisado o terreno de jogo; é um incentivo ao trabalho. As qualidades estão lá; necessitam de ser buriladas, em especial a leitura de jogo.

O Braga mostrou a qualidade que lhe vem sendo habitual; bom modelo de jogo, boa dinâmica servida por atletas de boa craveira técnica. Emergiu na segunda parte sobrepovoando o meio campo,com pressão alta e muita iniciativa nas alas. Muito bem a visão e passe do Eder passando o esférico a centímetros da cabeça do Jardel entregando-o de bandeja ao avançado Pedro que, com excelente receção e controle, fez o golo, fazendo subir os niveis de ansiedade entre nós, Benfiquistas. A expulsão do central, retirou-lhes argumentos táticos mas não os impediu de criar perigo até final.

Não sei porque caíu Lima no lance da expulsão. Parece ter sido desiquilibrado pelo defesa, mas não vi contacto algum; será que houve? O Árbitro falhou alguns cartões a atletas do Braga incentivando-os ao jogo faltoso, funcionando algumas vezes como central e armador desta equipa. Nada, porém, comparável às já tradicionais cenas das equipas de arbitragem nestes jogos. Terá sido ocasional ou será uma tendência? A ver vamos!

Ocorreu-me que o castigo de dois meses com que Luisão foi agraciado pela FIFA está a influenciar o campeonato podendo mesmo ser decisivo. É necessário que a FIFA conheça as consequências do seu gesto. Os jogos e as competições devem resolver-se dentro das quatro linhas e não nos corredores do poder.

Gostei da sobriedade das declarações de Jorge Jesus e da referência que fez à coragem dos adeptos do Benfica para verem o jogo. As autoridades têm que pôr mão nos bandidos que por aquelas e outras bandas, espalham o terror entre os Benfiquistas!

Há ou não liberdade de circulação e de expressão em Portugal? Combate-se a homofobia, a discriminação religiosa, racial e política e permite-se promoção da cultura anti-Benfica? Em nome de quê?

AB