Desporto

domingo, 28 de julho de 2013

FERNANDO MARTINS

OBRIGADO PRESIDENTE

AS 10 QUESTÕES DA RECUPERAÇÃO; extratos (João César das Neves)

Na sequência do seu excelente livro "As 10 questões da crise", João César das Neves lançou recentemente este "As 10 questões da recuperação", que, com o rigor e lucidez que lhe são habituais, nos ajuda, fundamentadamente, a perceber as consequências associadas às várias propostas de saída da presente crise económica. Seguem-se alguns extratos significativos desta obra:
 
 
QUEM TEM CULPA DISTO?
 
Na economia, não está mais ninguém a não ser os agentes económicos. Mesmo quando se fala do Estado, pelo menos no regime democrático, ele é aquilo que os eleitores fizeram e sobrevive apenas agradando-lhes.
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Precisamente por este sistema descentralizado de milhões de elementos não ser fácil de aceitar, a grande maioria das pessoas que sofre a crise prefere atribui-la a monstros maléficos.
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O mundo é realmente um undo cão, como eu posso ver olhando-me ao espelho. E todos somos vítimas e culpados dele.
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 Para explicar a crise, devemos primeiro livrar-nos dos nossos fantasmas, aqueles expetros que povoam as nossas raivas.
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Mas a maldade e a tolice dos poderosos são da mesma natureza que a minha.
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Em vinte anos quase multiplicámos por dez o nosso endividamento.
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O nsso problema de fundo, a causa última da crise, está na mentalidade instalada, laxista e gastadora que o acesso ao crédito fácil gerou.
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A máquina empresarial nacional viu-se coberta com uma camada de atividades falsamente produtivas que pareciam rentáveis porque viviam à custa de empréstimos.
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Equanto a dívida privada pode ser, e normalmente é, "capital produtivo da nação" a dívida pública para pagar gastos correntesé sempre retirada desse capital.
Por tudo isto, o nsso problema político está realmente numa dívida excessiva do Estado.
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Uma casa nova, um carro, uma roupa um bocadinho melhor, uma viagem ao estrangeiro, presentinhos para os netos. Pequenas coisas que antes não tinhamos, e que multiplicadas por dez milhões de pessoas dão uma grande dívida.
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Mas a verdade é que não nos podemos libertar da nossa dose de culpa na orientação do país.
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Em Portugal, nunca houve nem pode haver pensamento liberal. Há críticos e defensores do Governo,mas da extrema-esquerda à exstrema-direita toda a gente só fala do Estado.
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Não há roubos, desfalques ou corrupção suficientes para levar a dívida externa acima do dobro do produto nacional.
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A recessão e o ajustamento não são uma questão de polícia, mas um movimento económico de fundo. Essas queixas são apenas confusões ingénuas, formas convenientes de descarregar os nervos ou álibis para esconder a verdade.
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Só existe uma entidade com poder suficiente para provocar uma crise destas: o povo português.
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O problema do país é que todos vivemos anos a gastar um bocadinho mais do que podíamos. Não era muito e não parecia mal, mas esse pouco multiplicado por milhões de cidadãos honestos dá uma fortuna.
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Uma nuvem de gafanhotos come muito mais do que meia-dúzia de elefantes.
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   - somos o terceiro dos 15 países da Europa  com mais quilómetros de auto-estrada por habitante-
   - em 2008 éramos o terceiro dos Quinze com mais subscrições de telemóveis por habitante.
   - segundo os dados do Benco Mundial, em 2007, éramos o quarto país dos Quinze com mais despesas em saúde, em percentagem do PIB.
   - pelo segundo ano consecutivo, Portugal ocupou, em 2010, o primeiro lugar na tabela da comissão europeia sobre utilização de serviços públicos online.
   - em 2010, Portugal era o décimo país mais atrativo do mundo para energias renováveis.
   - há vários anos que a formação em Gestão das Universidades Católica Portuguesa e Nova de Lisboa está entre as melhores do mundo, segundo os rankings do Finantial Times, tendo, em 2012, entrado também para a lista a Porto Business School.
   - Portugal, com a Via Verde, foi o primeiro país do mundo a aplicar um sistema de teleportagem em toda a sua rede de autoestradas.
   - o Multibanco é o melhor sistema da Europa nas funcionalidades disponíveis.
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Tudo isto significa que o problema não está tanto na gravidade da situação mas na disparidade entre realidade e expectativa.
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Dizemos que a solução nacional está na agricultura, pesca e indústria, mas poucos querem ir para os campos, embarcar ou ser operário.
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Não será fácil encontrar a saída. Mas só a vamos ultrapassar se mudarmos de atitude.
 
(Continua) 

sábado, 27 de julho de 2013

A RATOEIRA TECNOLÓGICA

A inovação tecnológica é uma das principais alavancas de valor acrescentado garantindo o acesso a mercados com elevado poder de compra, proporcionando maiores produtividades e melhores salários, constituindo o vector comum das economias mais desenvolvidas e um desafio às restantes num mercado global tendencialmente livre.
Porém, "nem tudo o que luze é oiro". Com efeito, nem sempre os equipamentos tecnologicamente avançados são os mais eficientes no seu ciclo de vida, constituindo, muitas vezes, uma poderosa ferramenta de captura do consumidor por fortíssimas multinacionais que, frequentemente, através de uma política empresarial agressiva e global atingem posições de domínio do mercado muito próximas do monopólio.
Os exemplos são vastos em todas as áreas; institucional, industrial, comercial ou doméstica. É o caso dos frigoríficos domésticos; do vulgar frigorífico que todos temos em nossas casas e que tanto facilitam a nossa vida. Um frigorífico "tradicional" de duas portas - congelados em cima, refrigerados em baixo - é composto por um compressor, respectivo condensador, dois evaporadores e um termostato, satisfaz as necessidades correntes de uma família média e custará - grosso modo - até aos €200,00, dependendo da marca. Hoje porém, abundam no mercado frigoríficos de elevado valor, graças ao design, e à maior complexidade do sistema frigorífico, frequentemente composto por dois sistemas autónomos, controlados por microprocessador e múltiplas sondas, que, em princípio, garantirão melhor qualidade, maior duração de armazenagem dos produtos e maior eficiência energética, esta, hoje, bem visível ao consumidor.

Porém, apesar de apelativo e eficiente, este modelo avançado de frigorífico, reserva algumas desagradáveis surpresas; o risco de avaria aumenta devido ao maior número de componentes e o custo da respectiva reparação "dispara"; seja devido aos custos "astronómicos" dos componentes, geralmente comercializados em regime de exclusividade, pelo fabricante, seja pela menor oferta de serviço técnico, que, muitas vezes, atira o indefeso consumidor para os braços do fabricante do aparelho!

Um caso recente do meu conhecimento, sucedeu com um destes frigoríficos da marca Z - multinacional europeia de referência -, cujo compressor de baixa temperatura, da marca D - outra multinacional europeia de referência -, é comercializado em regime de exclusividade pela multinacional Z a um preço cerca de sete vezes superior ao do mercado - no caso, outra marca europeia.

O que aconteceu?; a multinacional Z encomendou à multinacional D enorme quantidade de compressores com a condição da exclusividade do modelo, que esta aceitou, por razões óbvias. Ora, o indefeso consumidor, neste caso, escapou da "extorsão" devido à qualidade do serviço técnico a que recorreu, que teve capacidade para seleccionar e adquirir compressor equivalente a menos de 20% do preço do do fabricante do frigorífico.

A estratégia é óbvia; a multinacional, usa o seu poder para realizar lucros complementares exorbitantes, capturando o cliente, impondo-lhe, implicitamente, o seu serviço de assistência. Perante o exagero, o nosso consumidor poderá optar por...comprar outro frigorífico para cujo efeito disporá de crédito na hora, no local, proporcionando ao revendedor acesso a outro proveitoso negócio.

As implicações desta estratégia são mais vastas e revelam alguns dos paradoxos actuais. Desde logo, fomentando o endividamento familiar, mas sobretudo, promovendo a produção intensa de resíduos - neste caso especialmente perigosos devido aos frigorigénios presentes - e agravando o efeito de estufa pelo consumo energético associado à produção das unidades de substituição. Por um lado, fomenta-se a inovação tecnológica com ganhos de eficiência, por outro, eliminam-se estas vantagens impondo mais tecnologia...com enorme impacto ambiental negativo...e...com transferência de riqueza para os países tecnologicamente mais desenvolvidos! Ou seja; tolera-se a produção de resíduos e emissão de gases com efeito de estufa desde que em benefício dos poderes dominantes. Para os restantes...a intransigência punitiva!

Claro que é preciso mudar de paradigma mas...quem o quererá fazer? Que dizer das hipócritas directivas e regulamentos comunitários que constituem um entrave ao desenvolvimento tecnológico dos países mais débeis, como Portugal? Tais constrangimentos destinar-se-ão à protecção ambiental, como é referido, ou à perpetuação das vantagens tecnológicas dos países europeus dominantes? É ou não necessário dar um murro na mesa? Quem estará disposto a dá-lo? Já somos um! 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

4R - Quarta República: Um País formiga e um Estado cigarra...que contrast...

4R - Quarta República: Um País formiga e um Estado cigarra...que contrast...: 1. Os dados mais recentes quanto ao desempenho da economia portuguesa confirmam, com crescente evidência, o que aqui referimos por mais de u...

CARDOZO E OS ADEPTOS

Da cultura benfiquista faz parte um certo padrão de jogador; um misto de técnica, entrega, emoção e racionalidade. O adepto comum, interiorizou este padrão, ainda que não o compreenda em toda a extensão, graças aos exemplos que, ao longo dos anos, têm proliferado no clube.
 
De facto, sendo o golo a essência do futebol, para a generalidade dos Benfiquistas não é suficiente!, tem que haver algo mais...a tal nota artística de que se fala! Num ambiente de grande riqueza cromática e emocional, o adepto previlegia a estética e plasticidade de movimentos dos atletas, em especial dos da sua equipa...,faz parte da sua idiossincrasia cultural e constitui um tributo que exige aos atletas que ousam envergar o a rubra camisa.
 
 
É, afinal, uma herança de jogadores como Eusébio, Coluna, Germano, Humberto, Santana, José Augusto, Simões, Jaime Graça, Néné, José Águas, Rui Águas, Chalana, Ricardo Gomes, Mozer, Álvaro Magalhães, Vitor Paneira, Isaías, Rui Costa, João Pinto, Alves, Aimar, Saviola, Garay, Gaitan, Ola John, Sálvio...etc. Para o adepto avançado, importa, quase tanto como o golo, a qualidade da recepção, do transporte, do passe, do remate, da sincronização da equipa, da emoção controlada, da vontade indómita; elegância, determinação e eficácia. O golo logo aparecerá como consequência inevitável de tudo isto.

Ora Cardozo tem características morfológicas que não lhe permitem satisfazer alguns destes preceitos, nomeadamente, quanto à rapidez de execução; seja a receber, passar, driblar ou rematar. Tal resulta nalguma ineficiência e, pior, muitas vezes acompanhada de flagrante inesteticidade. E isso, o adepto do Benfica não perdoa; ganhando ou perdendo, tudo o que acontece em campo deve adequar-se ao elevado estatuto do clube, nomeadamente, no capítulo técnico dos seus atletas. Mas há exceções; que me lembre: José Torres, Maniche, Vata..., apesar de meio desengonçados cairam no goto dos adeptos, pois, frequentemente, eram eficazes. Posto isto, devo dizer que, Cardozo, protagonizou dos mais belos lances que vi no futebol, seja pela eficácia, seja pela estética e plasticidade. Perfeito foi Pélé e...só há um! Sou adepto do Cardozo.

Porém, outros fenómenos relacionados com a dinâmica dos grupos humanos - e não só -, parece estarem presentes nestes processos. A ostracização de um elemento do grupo é uma compulsão dos seus integrantes que proporciona a sua aproximação pela exclusão da vítima selecionada. Julgo que este mecanismo também está presente no caso Cardozo, como em muitos outros antes dele...e não fica nada bem à cultura benfiquista.

Não posso deixar de referir a semelhança da estratégia seguida desde há décadas pelos dirigentes do Porto, neste caso, fomentando a cultura do inimigo externo. A coesão do grupo; atletas, dirigentes e adeptos, é conseguida através da identificação e caracterização malévola da principal ameaça, o Benfica, graças ao  revisionismo histórico acompanhado de histerismo e chantagem política, repetido ao longo das décadas e replicado por alguma comunicação social manipulada.

Quanto ao imbróglio atual, apesar de grave, o ato do Cardozo tem atenuantes; Cardozo, queria ganhar o jogo e perdeu-o...depois de, nos últimos instantes, ter perdido as duas mais importantes provas da época. Tinha os nervos em franja...e tinha convicções...; quem pode atirar-lhe a primeira pedra?
 
Cardozo já deu muito ao Benfica, tem muitos adeptos do seu lado, como é o meu caso, continua a fazer falta à equipa e, quando sair, merece fazê-lo pela porta grande...e o Benfica também merece que assim seja. Desiludam-se os que pensam que o clube sairá incólume deste caso castigando-o desta forma.
 
Portanto, cartas na mesa, olhos nos olhos, e o interesse do clube sempre à frente. Aplique-se uma multa ao Cardozo, o qual deve pedir desculpa ao Treinador e aos colegas, no balneário. Todos sairão bem, a equipa sairá animicamente reforçada e a magnanimidade ficará bem ao Treinador, aos Dirigentes e ao clube.
 
"Por um burro dar um coice, não se lhe corta a pata". 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

PORTUGAL PRIMEIRO!

Saúdo a decisão do Sr. Presidente da República de manter o atual governo até final da legislatura nos termos que referiu; cumprimento do programa de assistência financeira conforme acordado, fomento do emprego, disponibilidade permanente para o diálogo com a oposição,  e   apoio consolidado da maioria parlamentar que o sustenta. Neste momento, é este o interesse de PORTUGAL. 
 
Há que refrescar a composição do governo, prosseguir com a reforma do Estado, acertar o "azimute"    económico contemplando a atração do investimento através do alívio fiscal e burocrático, combater os abusos de posição dominante e a concentração económica  - que estão a fomentar a discriminação profissional, empresarial e social ainda mais gravosamente do que o foi na ditadura. Enfim, construir um país para todos; com igualdade de oportunidades para todos! Portugal é dos Portugueses; ninguém é seu dono!
 
Quanto à oposição; que faça bem o seu trabalho de fiscalizar os atos do governo e apresente as suas propostas na casa da democracia. Propostas sérias, inteligentes, sustentáveis, exequíveis, que visem o interesse de Portugal e não do partido nem dos seus barões. No final da legislatura o Povo julgará o Governo e apreciará as propostas em concurso. É assim em Democracia, e não impor a convocação de eleições através do boicote insultuoso e sistemático ao Governo e seus membros, por interesse partidário.
 
O PS, desperdiçou uma excelente oportunidade de contribuir para a amenização da austeridade que resultaria da redução das taxas de juro se o acordo político tivesse sido alcançado. A gravidade do momento exige cedências de todas as partes.
 
Uma redução de 25% das taxas de juro pouparia aos cofres do Estado cerca de 2000 milhões de euros anuais - a totalidade do IMI cobrado este ano e cerca de metade dos  anunciados cortes de despesa do Estado para 2014! É este o caminho para a redução da austeridade e fomento do crescimento; redução dos encargos da dívida, cujo valor anual aproximado de 9000 milhões de euros! A ausência de acordo produziu o efeito contrário! Onde está a responsabilidade do PS?, em pedir o fim da austeridade no dia seguinte?
 
O acordo partidário significaria aceitação de tréguas ideológicas por alguns anos; no dia seguinte ao acordo, a nossa fatura do serviço da dívida baixaria significativamente. Isso sim, seria defender os interesses de Portugal. O resto é guerrilha partidária e...sem o País livre, os partidos não farão sentido. Já pensou nisso senhor Seguro? Também para si, a Pátria é o PS? Se é, tenha a coragem de o dizer aos portugueses!

DOIS TONTOS COM JUÍZO!


domingo, 21 de julho de 2013

Taça de Honra; Benfica-Sporting (1-2)

Estamos na pré-época, é certo, importa ver, rever e rodar atletas, testar táticas e estratégias, concerteza; os atletas estão fora de forma, as rotinas são deficientes, sim senhor, mas...a atitude tem que estar lá!, sempre! Vejam lá as miúdas do râguebi de praia; ganharam a prova, porque "nem que seja a feijões é para ganhar"! E é assim no Benfica!
 
O relançamento da Taça de Honra é uma boa iniciativa, que dará mais visibilidade aos clubes de Lisboa e relançará a sã rivalidade de que vive toda e qualquer competição desportiva. Havia um troféu em disputa; aceito tudo, compreendo tudo...menos displicência; falta de concentração e de atitude! Assim não!
 
Mais uma vez, sofremos dois golos de bola parada, a papel químico! Então, não sabemos fazer marcações? Há atletas com medo da bola? Assim não! A adversário saltou mais alto, foi mais forte, ganhou o lance, OK; a adversário faz-se ao lance sem oposição? Dentro da área? Não pode ser! Perguntem aos infantis como se faz ff!
 
Estava um troféu em disputa; era para ganhar, nem que fosse com os júniores! Porém, nada justifica a entrada do Sílvio que nos custou um cartão vermelho e uma baixa para a 1ª jornada! Não compreendo estes regulamentos, mas nada, nada mesmo, justifica uma entrada violenta a pés juntos  em zona neutra, num lance inofensivo! Começou mal, Sílvio. Mas também o sr árbitro não foi coerente no critério disciplinar; um lance posterior, idêntico mas ao contrário, não foi punido da mesma forma! Claro que pode ter decidido a sorte do jogo. De qualquer forma, a equipa do Sporting foi a que mais quiz ganhar, apresentou melhor consistência e dinâmica. "Quem quer banana trepa"! As camisolas não ganham jogos, quem está dentro delas é que o pode fazer!
 
A este respeito, não posso deixar de alertar do Presidente do Benfica para os perigos do discurso da resignação! Não pode haver resignados no Benfica! Não faz parte da nossa cultura! Irreverência, inconformismo, superação, destemor; isso é o Benfica! José Augusto e seus pares poderão mostrar aos atuais atletas o que é isso; desperdiçar este capital não é sensato.
 
Vamos lá a afinar o azimute! 
 
 

Arbitragem a ferro e fogo

Arbitragem a ferro e fogo

portadaloja: Nota Oficiosa de Salazar a Afonso Costa: o passado sempre presente a anunciar o futuro

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portadaloja: Afonso Costa, Salazar e o passado sempre presente que nos mostra o futuro

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sábado, 20 de julho de 2013

MIGUEL VITOR; UM JOGADOR À BENFICA!

Miguel Vítor, um atleta com 13 anos de Benfica, vai tentar a sua sorte no PAOK, procurando relançar a sua carreira, na espetativa do regresso ao futebol nacional, de preferência, ao seu clube do coração.
 
Sou um fã de Miguel Vitor, pois além de elevada capacidade técnico-tática, o seu amor ao clube percebeu-se na garra como que abordou cada jogo, cada lance, afinal, apanágio do Benfiquismo; o tal "quartilho" a mais, que tantas e tantas vezes sustenta o sucesso do clube.
 
Na entrevista que "A Bola" hoje publica, MV   revela um caráter sereno, responsável, lúcido e frontal, transparecendo o carinho que nutre pelo clube. De facto, MV ,aborda sem papas na língua mas com cordialidade, duas situações, sem a resolução das quais, o sucesso do Benfica não acontecerá ou será esporádico.
 
Uma delas diz respeito à escassez de atletas das escolas do clube na equipa principal, desaproveitando-se a mais-valia da cultura benfiquista consolidada ao longo dos anos  que os faz dar "o litro e o quartilho" por amor ao clube, como é o caso de MV. Tal  sucedeu com os júniores e os infantis na época anterior cujo inconformismo, perante a possibilidade de derrota, os galvanizou para vitórias decisivas, apesar da adversidade do ambiente.
 
Foi Artur Jorge, esse admirável ex-ponta-de-lança que tanto admirei, que, dececionantemente, desmantelou uma equipa onde essas características abundavam. Foi depois Vale e Azevedo, que, irresponsavelmente, desmantelou a formação! Uma loucura, com a atenuante da asfixia financeira que então se vivia no clube, induzida pelo "sistema".
 
Hoje, a formação está pujante e os resultados começam a aparecer; os miúdos já mostram aos graúdos "com quantas varas se faz uma canoa"! Coisa bonita! Porém, o sucesso da sua integração na equipa A depende da capacidade de manutenção nesta, da estrutura base, que transporte o know-how tecnico-tático e a tarimba competitiva capazes de acomodar a insegurança dos primeiros tempos das jovens promessas.

E aqui está um dos maiores bloqueios do futebol do Benfica e nacional; a imprescindibilidade de realização anual de mais-valias com a venda dos melhores atletas; um círculo vicioso que, além de "queimar" os jovens aspirantes, impede o acesso das equipas a patamares competivivos superiores. Este é um dos desafios de qualquer direção do Benfica; manter a estrutura nuclear da equipa. Menos jogadores, melhores jogadores, seria a palavra de ordem. É neste equilíbrio que está o segredo. Cumulativamente, preveniria saídas intempestivas de jovens talentos, como já nos aconteceu.
 
Tal como MV, também não percebi porque não teve mais oportunidades na equipa; ocasiões não faltaram! O mesmo, relativamente a Miguel Rosa;não percebi! E temos de peceber! Os adeptos têm de perceber as opções do Treinador e - já agora - dos Dirigentes, caso contrário perdem a confiança; no treinador, na equipa técnica e nos Dirigentes, criando-se um mau ambiente que se reflete no desempenho da equipa. Não pode ser! A corrente da confiança tem que ser permanente e bidirecional.
 
Entramos na segunda questão; apesar de ter pedido ao Treinador para lhe indicar os aspetos a melhorar a fim de se aperfeiçoar, Miguel Vitor não obteve resposta! Ora isto não é próprio de um chefe! Um líder digno desse nome tem que conquistar e manter a confiança dos seus colaboradores, sem a qual nada funciona. Um líder digno desse nome, não espera que seja o subordinado a manifestar-se; percebe o que se passa apenas com um olhar, e procura identificar e remover o motivo da insatisfação. Não se motiva uma equipa com atos de incompetência ou faltas de respeito. Foi isso que ficou refletido no gesto de Cardozo; apesar da impertinência, não é ele o único responsável; Cardozo queria ganhar! Passou-se! Saindo Cardozo, não se resolve o problema; Jorge Jesus perdeu o respeito dos seus jogadores. Só um grande caráter, que Jorge Jesus (ainda) não demonstrou possuir,  conseguirá reverter o processo. Lamento, mas é a verdade! Uma conversa franca, à porta fechada, olhos nos olhos, onde cada um diga o que tem a dizer, com assunção de responsabilidades por quem as tiver, é necessária e...poderá reverter o processo.
 
Desejo as maiores felicidades ao Miguel Vítor, esperando que um dia regresse ao clube, reiterando minha admiração e respeito.
 
Um grande abraço Miguel!

PS/PCP; DUAS FACES DO MESMO PROPÓSITO!

SÓ O ESTILO DISTINGUE O PS DO PCP!
 



O PARTIDO ACIMA DA NAÇÃO! 
 
LIBERDADE... SÓ...SOCIALISTA!
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Já a bola rola!

Dos jogos desta pré-época realizados na Suíça pelo Benfica, pouco há a dizer:
 
A "esquadra" sérvia não engana - não fosse a ex-jugoslávia uma das melhores escolas do futebol mundial -, Sulejman, Djuricic e Mitrovic são bons de bola, cada um a seu modo; o primeiro a romper na frente finalizando ou assistindo, o segundo a controlar e distribuir - terá "cabedal" para a função? - e o terceiro a finalizar com sangue-frio e talento. Do Matic já sabemos como é. Por aqui estamos bem.
 
Ruben Amorim, André Gomes e André Almeida, com a "rodagem" adquirida na época passada, poderão melhorar o desempenho do nosso meio-campo que, principalmente na fase final da época anterior, claudicou em alguns jogos, tendo sido fatal para as aspirações da equipa. Urreta poderá ser muito útil na direita...ou na esquerda - "é chato," mas...parece que sabe marcar bons golos o rapaz!.
 
No eixo da defesa, parece que estamos servidos; Lisandro é jogador - não sei bem porquê, mas faz-me lembrar o Ricardo; talvez pela serenidade que aparenta - Vitória tem boa pinta - a ver vamos - e Mitrovic é "menino" para fazer estrago nos avançados e médios adversários.
 
As laterais parecem tremidas; Sílvio necessita de adaptação à equipa...e - já agora -...de reconciliação com o clube...o valor está lá. Quanto ao Bruno Cortez, para já...não me agrada!; tem "caparro", não tem medo da bola nem do adversário, joga para subir até à linha, cruza bem e fácilmente, mas...defender é para o "preto" (salvo seja) e quanto a velocidade tenho dúvidas; veremos como evolui...há ali muito trabalhinho para fazer!
 
Quanto a guarda-redes, quanto a mim, tinha trazido o do Sion; parece muito bom e...tenho dúvidas quanto ao Artur...tenho pena...mas é a verdade.
 
Dos restantes, destaco o Sálvio, a mostrar como se joga com raça; um cheirinho a Sálvio em todas as posições em cada jogo seria meio caminho andado.
 
Os resultados aceitam-se, apesar de secundários nesta fase. Gostei da dinâmica da equipa na 2ª parte do jogo com o Bordéus - por sinal bem "rasgadinho".
 
Desagrada-me esta estória do fica não fica, sai não sai, vem não vem, sempre com o fantasma frutóide no horizonte. Há que prevenir estas situações e inverter o processo, no que à fruta diz respeito, tal como fizémos com os direitos desportivos.
 
Sei que é cedo, mas é importante que seja a equipa a ter a iniciativa de puxar pelos adeptos, focando-se na convicção de que a grandeza do Benfica conquista-se em todos os jogos, disputando-os palmo a palmo, segundo a segundo, até ao fim. Olhemos, todos, com humildade, mais para a frente e menos para trás.
 
Vamos à luta que se faz tarde! 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

Abel Xavier; um senhor!

A imagem que guardo de Abel Xavier é a do tremendo cabeceamento que só a trave, milagrosamente, salvou um super Barthez e a seleção francesa da derrota naquela meia-final do europeu de 2000, (era Treinador Humberto Coelho). Um lance dos que elevam o futebol a desporto de eleição, apenas ao alcance dos  grandes jogadores. Fantástico!
 
Também no célebre Leverkussen - Benfica - dos 4-4, (era Toni o Treinador) - que, recentemente, passou na Benfica TV, Abel Xavier foi o autor de um dos mais belos golos, com um remate fortíssimo, do "meio da rua", a reduzir o marcador para 2-1, com assistência milimétrica desse grande jogador e Benfiquista que foi e é Rui Costa. 

Após a longa "travessia do deserto" na sequência dos incidentes no final do jogo com a seleção francesa, que haveriam de custar-lhe severo castigo desportivo, e a imagem algo exótica que assumiu, fizeram-me pensar que Abel Xavier estava definitivamente perdido para o futebol. Passou-se, pensei! Enganei-me! Reergueu-se e prosseguiu a sua carreira em clubes de topo europeu! Não é para qualquer um! Além da qualidade desportiva é necessário ter um caráter muito forte para superar tamanhas contrariedades.

Porém, foi na entrevista que deu à Benfica TV no Zona de Decisão, que percebi em maior extensão a insuspeita solidez e coerência do seu discurso quanto aos temas do futebol e fiquei a conhecer a determinação com que  na adolescência, marcada pela escassez material característico no Vale do Jamor, lutou pelos seus objetivos, que, com lucidez, descobriu no futebol. Nesta entrevista, ficou bem patente a importância que teve para si o suporte familiar e a amizade-solidariedade. Surpreendentemente, revelou que a sua adesão ao islamismo não foi mais uma aberração exótica, mas antes, uma espécie de regresso às referências religiosas da infância, conformes à tradição familiar dos seus progenitores em Moçambique, como, aliás, era corrente por aquelas paragens.

Tudo isto vem a propósito do anúncio do início da sua carreira de Treinador na equipa da Olhanense. É mais um desafio para o qual apresenta as credenciais de uma carreira de relevo, de uma história de vida digna, de uma retórica coerente e do carisma, que, com engenho, soube cultivar. Porém, num clube com fortes ligações ao Porto nos últimos anos, como interpretar a contratação de um Técnico afetivamente ligado ao Benfica? Será mais um sintoma da ansiada regeneração do futebol português? A constatação do início da inexorável decadência da trafulhice que tem minado o desporto nacional?  O início da libertação dos clubes "menos grandes" do jugo do sistema materializado pela Olivedesportos e quejandos? A ver vamos. Certo é que, hoje, todos os clubes têm uma alternativa de financiamento até aqui quase exclusivamente dependente do "sistema", sabe-se lá a que custos. Nós Benfiquistas, bem sabemos o que nos tem custado. Esperemos que seja o princípio do fim da pouca vergonha.

BOA SORTE!
 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Tres meses de salario le debe el Oporto a Jackson Martínez | Antena 2 - RCN Radio

Tres meses de salario le debe el Oporto a Jackson Martínez | Antena 2 - RCN Radio


Como o Estado Gasta o nosso dinheiro - 3

"Em 2009, o nosso país, cuja população total é semelhante à da grande Paris, contratou três vezes mais PPP do que a França e mais ainda que qualquer outro país da Europa.
   Portugal é o campeão europeu das PPP - mas das PPP que afogam os contribuintes em dívidas, em especial os das gerações futuras."
 
"...No final de 2009, os encargos estimados com os projetos de PPP antes adjudicados e os previstos ainda lançar, ultrapassavam já os 50 mil milhões de euros."
 
"O modelo de contratação PPP arrancou em Portugal em 1992. Inexplicávelmente, sem o mínimo enquadramento legal e orçamental específico."
 
"Desde 1992, o difícil em Portugal é identificar um contrato de PPP que não tenha sido objeto de renegociação e de um subsequente processo de reequilibrio financeiro sempre com acréscimo de encargos para o erário público."
 
"...a resposta está na incompetência, no desleixo, no facilitismo dos concedentes públicos e do legislador e também do populismo eleitoral dos vários governos."
 
Que poderemos dizer? Que não admira que Portugal necessite de, proporcionalmente, mais investimento que qualquer país desenvolvido. Que não é no diferimento dos encargos que está o problema, mas nos respetivos custos e na utilidade pública da obra. Que a retórica corrente e transversal da proteção das gerações futuras não passa de hipocrisia. Que o mítico Estado de Direito é uma treta. Que, fazer obra hoje para o adversário político "pagar" amanhã é uma sórdida deslealdade. Que a demagogia é a maior ameaça às democracias. Que o respeito pelo contribuinte é negativo. Enfim que nada disto tem a ver com os pressupostos da democracia.
 
 Lusoponte:

"O custo para o contribuinte dos erros, falhas e omissões do Estado concedente nesta concessão cifra-se, para além da comparticipação inicial de cerca de 100 milhões de euros para as acessibilidades da ponte, em 160 milhões de euros de compensações pagas à concessionária sob a forma de reequilibrios financeiros, acrescidos do pagamento à mesma de compensações diretas da ordem dos 250 milhões de euros, no âmbito do acordo global.
   O que perfaz uma derrapagem financeira que ultrapassa os 400 milhões de euros, que os contribuintes terão que pagar."

Scut:

"Tais autoestradas são sem custos para os utilizadores mas não são gratuitas, pois durante 30 anos o Estado paga uma renda às concessionárias."

"Os encargos plurianuais do Estado com estas concessões, ascendiam, em 2009, em termos acumulados, a cerca de 15000 milhões de euros, com uma derrapagem de custos para o erário público da ordem dos 6%. Esta fatura cabe evidentemente aos contribuintes."

Concessão Metro Sul do Tejo:

"A previsão do custo inicial para o Estado deste empreendimento rondava os 265 milhões de euros..."

"No final de 2009 os encargos globais do Estado, ou seja, dos contribuintes com esta concessão já totalizavam 350 milhões de euros."

"Foi ainda vítima de sucessivas cedências dos governos a exigências dos municípios envolvidos na concessão (entre os quais se destaca o de Almada),..."

PPP Saúde - Primeira vaga de hospitais

"Os encargos plurianuais  (para os próximos 30 anos) com estas PPP podem estimar-se em meados de 2010 , próximo dos oito mil milhões de euros . Isto, sem contar com os encargos adicionais que se prevê virem a resultar de processos de reequilibrio financeiro e de outras compensações às concessionárias."

Terminal de contentores de Alcântara

"Com efeito, o novo contrato atribui à concessionária isenção de taxas portuárias no valor aproximado de 200 milhões de euros e os benefícios decorrentes de um investimento público de 180 milhões de euros, a cargo das empresas de capitais de Estado Refer e Porto de Lisboa."

Subconcessões da empresa pública Estradas de Portugal

"...parte destas auto-estradas em regime de subconcessão apresenta níveis de tráfego muito reduzidos, mas impõe o pagamento de avultados encargos financeiros."

"A contribuição resulta de uma percentagem do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) que é adicionalmente cobrado (desde 2007) aos cidadãos quando abastecem os seus carros ..."

"Na prática, constitui uma aproximação à taxa de uso da rodovia e representa, por assim dizer, a aplicação do princípio do utilizador pagador."

"No total, aquela derrapagem de custos acarretava um agravamento de encargos para os contribuintes próximo dos 700 milhões de euros..."

Casa da Música

"Teve como previsão de custo o montante de 33,9 milhões de euros e acabou com um custo efetivo de quase 111,1 milhões de euros, ou seja, o triplo."

Ponte Rainha Santa Isabel

"O custo previsto para esta ponte era de 29,9 milhões de euros, mas ela acabou por custar 70,9 milhões de euros."

Túnel do Terreiro do Paço

"O custo estimado para esta obra foi de um pouco mais de 47,3 milhões de euros e o respetivo custo efetivo saltou para mais de 78,4 milhões de euros."

Estádios do Euro-2004

"A Administração Central, no caso destes empreendimentos, transferiu para os promotores públicos o ónus inerente aos riscos de concepção, construção, financiamento e exploração daqueles."

"Certo, certo foi que o encargo público com o evento do Euro 2004, contabilizando os apoios diretos e indiretos das Câmaras Municipais de Lisboa e Porto, as bonificações de juros, as acessibilidades e outras infraestruturas complementares, foi superior a 1000 milhões de euros."

E por aqui me fico...mas não Carlos Moreno que, na referida obra, aponta várias causas para estes "desastres financeiros" e dá sugestões para os evitar. Ignorá-lo é uma irresponsabilidade de lesa-pátria.  

terça-feira, 9 de julho de 2013

Como o Estado gasta o nosso dinheiro - 2


“…nem os deputados, nem os cidadãos têm conhecimento da dimensão desta desorçamentação – nem das suas consequências para as finanças públicas.” 

“Todavia, os credores do nosso país, os mercados financeiros internacionais , as agências de rating, etc., conhecem isto ao pormenor e essa circunstância também contribui para nos quererem emprestar dinheiro a juros cada vez mais altos.”

No caso do Orçamento do Estado, é aliás, a própria Lei do Enquadramento do Orçamento do Estado que expressamente exclui do perímetro orçamental as empresas cujo capital é integral ou maioritariamente detido pela administração central.”
Aqui fia mais fino! Não estamos em presença da mera falta de cultura democrática individual, mas de um ato institucional que envolve Governos, Parlamentos e Partidos políticos, ou seja, os principais agentes políticos do regime! Como explicar um ato antidemocrático, cujos autores, são, precisamente, os guardiães, alguns até fundadores, do regime? Como salvaguardar a efetividade da democracia perante as derivas totalitárias ou populistas dos seus principais mentores? Ou ainda; como impedir a captura dos poderes públicos pelos poderes de facto? Aqui reside, quanto a mim, o maior desafio dos regimes democráticos para o qual não vislumbro outra resposta que não seja a de uma forte cultura de base, efetivamente democrática, de toda a população. Haverá certamente melhoramentos a fazer na estrutura dos regimes, nomeadamente do português, porém, nenhum funcionará sem essa cultura. Cultura que não se confunde com acumulação de conhecimentos, mas, tão somente, com a capacidade de respeitar o outro. Não é democrático, cada um exigir para si prerrogativas se implicam a negação das mesmas aos que as propiciam. Tão simples, afinal!
“Hoje, não basta que os gestores públicos cumpram a lei: o dispêndio público pode estar de acordo com todas as leis e o resultado obtido representar zero de benefício para os cidadãos.”
Aqui está uma bela expressão para afixar em todos os locais onde se tomam decisões que impliquem dispêndio de dinheiros públicos.
 
“Por outro lado, contornar a lei com astúcias formais é prática enraizada no nosso país, até ao nível do Governo.”
 
Ora, então o Governo não deveria dar o exemplo? Democracia self-service? Ora bolas!
 
“Recentemente, por exemplo, só quando os credores internacionais e Bruxelas impuseram o rápido saneamento das nossas contas públicas e isso exigiu que os contribuintes pagassem a fatura, é que a verdade dos números começou a vir ao de cima. Mesmo assim com estudado doseamento.
   Que fique no entanto claro: o defeito não reside na democracia, mas do uso que dela se faz.”
 
Daqui se infere que uma democracia pode sucumbir ao mau uso que dela é feito por lhe faltarem dispositivos fiáveis de alarme e correção. Então, é necessário aprofundá-la!
 
“O controlo externo político, sempre que no parlamento exista uma maioria absoluta (metade mais um dos deputados) de apoio ao Governo, na prática, deixa de ter consequências, pois tal maioria, logicamente, não vai censurar publicamente o Governo que dela saiu e que nela teve o seu apoio para ser investido.”
 
Problema bicudo este! A função do Parlamento é legislar e fiscalizar o Governo mas não o fará com eficácia em caso de maioria absoluta! Fá-lo-á em caso de maioria relativa? Claro que não, pelo menos entre nós! Parece que sim,  na Grã-Bretanha e nos EUA. Como se resolve isto? Mais poderes Presidenciais? Governo de iniciativa presidencial, e parlamento com deputados uninominais sem monopólio partidário? Com mais cultura democrática, com certeza. Afinal parece que está tudo por fazer!
 
Continua                                                                                                                                                        

sábado, 6 de julho de 2013

Como o Estado gasta o nosso dinheiro - 1

Carlos Moreno é um especialista em finanças públicas que durante 15 anos foi Juiz Conselheiro do Tribunal de Contas. Tendo participado em mais de cem relatórios de auditoria, decidiu relatar na obra com o título supra - editora Caderno -, alguns dos casos mais emblemáticos de gastos públicos; Expo 98, SCUT, Estádios do Euro 2004, IPE, Casa da Música, Túnel do Rossio e terminal de contentores de Alcântara.
 
Não se limita Carlos Moreno à denúncia pública dos casos concretos; faculta algumas noções de finanças públicas, procura as causas dos desvios financeiros dos casos relatados, apresenta propostas de melhoramento da gestão e fiscalização das obras públicas e da estrutura orgânica do Tribunal de Contas. Trata-se de uma demonstração de responsabilidade cívica e até de patriotismo que, pessoalmente, agradeço e gostaria de ver replicada por outras entidades públicas. Aliás, estas deveriam publicar e manter acessível à população informação das suas receitas e gastos, começando desde logo pelo Orçamento Geral do Estado e pelos orçamentos das Câmaras Municipais. Tal de nada servirá porém, se os cidadãos não adotarem a atitude de acompanhamento e fiscalização que lhes compete, por maioria de razão em democracia.

De facto, a cultura do escrutínio regular da ação pública ainda está pouco enraizada entre nós, predominando a dependência paternalista caracterizada pela exigência a outrem da satisfação dos anseios de cada um. Aqui radica uma disfunção de alguns regimes nominalmente democráticos - o nosso, por exemplo -, pela recusa de parte substancial da populaçã, de envolvimento na coisa pública, remetendo, paradoxalmente, para os regimes autoritários, mais longínquamente, para a metáfora do sebastianismo.

Voltando a Carlos Moreno, não posso deixar de referir que, apesar de me parecerem relevantes as suas propostas de reestruturação orgânica do Tribunal de Contas, revelam, quanto a mim, um dos maiores equívocos das sociedades atuais, que não explanarei agora, mas que se traduzem na excessiva especialização de competências, caracterizada pela dificuldade holistica dos especialistas.

Também Carlos Moreno parece ter dificuldade em entender a importância da rapidez de tomada de decisões por quem gere. Sendo importante a exigência de rigor e transparência das contas públicas, tal não deverá constituir bloqueio nem à tomada de decisão, nem à implementação e desenvolvimento dos projetos de manifesto interesse público. Tal traduzir-se-á, sempre, em futuros custos indiretos; seja pelo diferimento da disponibilidade do bem, seja pelo agravamento dos custos unitários, ou outros. Fiscalizar sim, bloquear não!

Posto isto, publico alguns extratos da obra:

"Para apuramento dos valores do défice e da dívida pública só entram as contas da administrações públicas, sendo excluídos os números referentes às empresas estatais do país."

"A explosão das PPP no nosso país ocorreu com ausência total de enquadramento total específico , sob pressão de restrições orçamentais impostas por Bruxelas e com o Estado sem experiência nem conhecimentos..."

Eis aqui a efetiva razão da proliferação das PPP, dos Institutos, das EP, das empresas municipais, etc. Em linguagem corrente, trata-se da famigerada "chico-espertice" do portuguesito desenrascado, que até poderá ficar bem ao Zé Povinho, mas que fica muito mal a quem tem responsabilidades públicas. Ou seja, perante as exigências de controle orçamental da CE, os governantes e presidentes regionais e de câmara, resolveram desorçamentar...como se a fatura não viesse mais tarde...a pagar pelos contribuintes, claro...os mesmos que lhes exigem obras para os (re)eleger...e depois insultam pelo agravamento de impostos! Pois é, a prevenção destes desvarios começa no cidadão! Não há como fugir disto.

"É o funcionamento dinâmico do mercado que estimula as empresas a investir e a inovar, como forma de maximizarem os seus lucros e o aproveitamento ótimo dos recursos disponíveis.
   A Constituição da República Portuguesa consagra a concorrência não falseada como incumbência prioritária do Estado, no domínio económico."
"Na União Europeia a concorrência é considerada como motor do sistema económico comunitário, tendo sido o detonador e continuando a ser o dinamizador do mercado interno europeu."

Aqui chegados, compreenderemos melhor porque razão algumas entidades políticas e outras, defendem a saída de Portugal da UE! Uns, porque terão mais dificuldade em manter os seus pseudo-monopólios, outros, porque se verão impossibilitados de implementar o seu modelo socialista.

"A crise financeira portuguesa agudizada em 2009 e 2010 já vinha de trás, e não pode ser apenas justificada  com o mal e as dores económico-financeiras mundiais. Tem raízes estruturais nacionais, que agora se tornaram mais penosas por não terem sido assumidas e curadas em tempo oportuno pelos sucessivos governos portugueses.
   Entre elas aponto o descontrolado crescimento do endividamento público, a não redução duradoura da despesa do Estado, o crescimento em flexa dos encargos com PPP e um anémico crescimento da riqueza nacional. Também parte das receitas de privatizações anteriores não serviu para amortizar a dívida pública, tendo sido afeta à realização de capital de novas empresas públicas.
   Este panorama é seguramente incompatível com o nivel e o estilo de vida de novo-riquismo ostentado por grande parte do setor público, e copiado por apreciável número de agentes económicos privados."

Teimam alguns, porém, em sustentar a tese da crise internacional, relativizando a importância dos "desvarios" orçamentais! Tal comportamento foi replicado pelo setor privado resultando numa dívida externa global "astronómica, que agora nos asfixia!

" Seja o que for que sucedeu, os responsáveis diretos pela elaboração dos Orçamentos de Estado deveriam explicar cabalmente esta situação e justificá-la de forma detalhada, em termos de substância e também à luz das regras jurídicas que disciplinam a elaboração dos Orçamentos de Estado."

Ou seja, segundo Carlos Moreno, o Orçamento do Estado para 2010 apresenta discrepâncias graves que deveriam ser explicadas e os seus autores sujeitos às consequências das regras jurídicas aplicáveis. Tal poderia evitar alguma leviandade na elaboração orçamental, muitas vezes, por falta de tempo para o seu adequado estudo e preparação, outras por razões bem mais graves!

"Muitos gestores não estão ainda mentalizados para aceitar críticas e sugestões de unidades das próprias organizações que dirigem. Chegam até a ignorar informações muito relevantes que o controlo interno lhes disponibiliza."

"Ora cá está, agora ao mais alto nível, a tal falta de cultura democrática, afinal, 'mãe' de todas as crises!, cada um molda a democracia à sua medida! Quem diria?

Continua